Finalmente chega ao Brasil um dos quadrinhos mais esperados de 2020, a nova série dos X-Men, sob a batuta do super-escritor Jonathan Hickman. A série que promete revolucionar os mutantes da Marvel. Será que é isso mesmo? Todo mundo está comentando sobre este quadrinho, canais de youtube, podcasts e etc e já que o pessoal está empolgadíssimo eu também vou aproveitar toda esta badalação e irei dar a minha opinião sobre X-Men de Jonathan Hickman, então aumente o volume e borá pra mais um episódio. Eu sou o Luciano Carvalho e este é o Podcast FANZINE.
Depois de muita espera e confusão, chegou às bancas a nova série mensal dos X-Men, desta vez escrita por Jonathan Hickman, que é um dos escritores do primeiro escalão da Marvel, na verdade é um dos grandes escritores da atualidade.
Sabemos que nos anos 80 e principalmente 90 os X-Men foram um dos medalhões da casa das ideias, mas de um tempo pra cá, Xavier e seus alunos vem sofrendo um bocado com alguns arcos de histórias bem ruins. Mas por que? Tudo começa lá nos anos 90 quando a Marvel enfrenta uma crise financeira e a editora precisou vender os direitos autorais de alguns personagens para a indústria cinematográfica, e neste caso os X-Men ficaram com a FOX, na época os filmes de super-heróis não eram tão famosos, mas tudo mudou a partir dos anos 2000, após o filme X-Men e em 2002 o homem aranha. De lá pra cá, sabemos bem o que aconteceu…em 2008 a Marvel lança homem de ferro e hoje temos o cinema tomados pelos heróis que amamos, para o bem e para o mal, porque tem filme ruim pra dar com rodo, mas…não criemos polêmicas.
Resumindo então, a Marvel não possuía os direitos autorais dos X-Men no mundo cinematográfico, e isso acabou se refletindo nos quadrinhos. A editora começou a dar mais espaço para outras equipes de super-heróis, enfim… mais rentáveis.
Mas parece que tudo isso mudou, já que a Disney meteu seu Mickey Mouse na parada e comprou a porra toda… Marvel, Fox, Lucasfilm mestre Yoda, as músicas do Michael Jackson e as casas Bahia…tudo da Disney, então não tem mais problema com os direitos autorais, e novamente isso se reflete nos quadrinhos.
Mas que enrolação da porra só pra contar que a Marvel ficou de bem dos X-Men nos cinemas e trouxe nada mais, nada menos que o Jonathan Hickman pra escrever a parada. Mas como anda as aventuras dos mutantes nos quadrinhos? Bem, como eu disse, muitos altos e baixos, todo mundo morreu e ressuscitou. A Jean Grey morreu e voltou em 2018 na saga A RESSURREIÇÃO DA FÊNIX – O RETORNO DE JEAN GREY, o Wolverine morreu em 2014 em A MORTE DE WOLVERINE e retornou em 2019 em o RETORNO DE WOLVERINE, Ciclope morreu em 2016 durante a saga A MORTE DOS MUTANTES (DEATH OF X) e retornou recentemente. Neste período o Fera trouxe os x-mens originais que foram deslocados no tempo e passaram a conviver com os x-Men do presente…uma loucura só. E Charles Xavier que havia morrido em Vingadores VS X-Men, teve seu corpo roubado pelo caveira vermelha que fundiu o cérebro do professor x ao seu para utilizar os incríveis poderes psíquicos do professor, mas depois o caveira foi derrotado, contudo sua mente ficou presa no plano astral sendo controlado pelo seu inimigo psíquico – o rei das sombras, mas com a ajuda de Gambit, Vampira, Mística e Fantomex, uma equipe de X-Men bem inusitada, diga-se de passagem, o professor X retornou ao mundo dos vivos após oferecer um acordo ao Fantomex para utilizar seu corpo.
Então Xavier retorna, não mais como professor Xavier, mas apenas como ele se autointitula X.
Ahhh…tem vários outros detalhes, mas esse é um resumão pra gente poder começar a falar de Dinastia X e Potências de X. Sim, House of X e Powers of Ten, são os títulos que estão reunidos nas edições da Panini. Originalmente lançados em 6 edições cada, totalizando 12 edições, no Brasil este material será lançado em 4 encadernados.
Mas o que vimos nesta primeira edição, o professor X que sempre quis a paz entre mutantes e humanos e acreditava na convivência pacífica entre as raças, inclusive isso gerou por muitos e muitos anos o conflito com seu antigo amigo Magneto que pensava de maneira oposta a Charles, pois Magneto sempre acreditou que os mutantes eram uma raça superior aos humanos. Mas agora, graças a Moira, vemos Xavier e Magneto compartilhando o mesmo sonho e unindo forças para moldar o futuro dos mutantes.
Sob o comando destes três personagens os mutantes deixam suas diferenças de lado e se unem na luta pela sobrevivência. X concebe uma nação para mutantes na ilha de Krakoa. A partir da criação desta nação, qualquer mutante é um cidadão de Krakoa, independente de onde ele tenha nascido. Mas é necessário que as outras nações reconheçam a nação mutante e para isso X oferece uma barganha com os humanos. As nações que reconhecerem Krakoa como uma nação receberão três tipos de remédios que são obtidos a partir das flores de Krakoa: um aumenta a longevidade dos humanos em cinco anos, o segundo é um antibiótico poderosíssimo e o terceiro e último remédio cura doenças da mente. Outra aplicabilidade da flor é que ela tem a capacidade de gerar portais. Curioso que muitas nações aceitam o acordo comercial com Krakoa, enquanto outras não irão reconhecer a soberania da ilha mutante. Spoiler rápido, acho que a maioria já sabe… apenas 14 nações não aceitam o acordo comercial, entre elas Irã, Venezuela, Coréia do Norte, Latvéria e Brasil, sim, o Brasil, recusou drogas que poderiam curar doenças e melhorar a vida da população por razões políticas e com isso passa a ser um adversário dos mutantes.
Jonathan Hickman elevou Moira MacTaggert a uma das principais personagens da história. Depois de passar anos e anos com uma personagem secundária na franquia dos X-Men agora ela é a chave de todo o desenrolar da história e tem um papel importantíssimo na criação de Krakoa.
Enfim…será que esta união de mutantes dará certo? Será que os humanos irão realmente aceitar a nação mutante? Inclusive os portais gerados pelas flores de Krakoa são uma vantagem militar extraordinária e algumas nações já demonstraram preocupações, né, já questionam os benefícios estratégicos destes portais. Como será a vida dos mutantes sobre o comando de Jonathan Hickman? Aguardem os próximos episódios.
A arte em Dinastia X fica por conta do espanhol Pepe Larraz e em powers of X quem comanda a lapiseira é o talentoso brasileiro RB Silva.
“Humanos do planeta Terra. Enquanto vocês dormiam, o mundo mudou.”
CONCLUSÃO
Muito bem, muito bem, vamos as minhas opiniões sobre X-Men de Jonathan Hickman.
Vou dizer…. tentei ler Vingadores do Hickman diversas vezes e não consegui, acho chato, cheio de personagens e detalhes, cheios de ligações, tudo muito complicado. Vejam, não estou dizendo que é ruim, só não me agradou, não foi uma experiência divertida. Já vi diversos leitores que pensam da mesma forma que eu, acham o Hickman superestimado. Li também guerras secretas, onde ele junta os universos Marvel, a terra-616 e a terra-1610 o universo ultimate…ehhh… é uma boa história, gostei, achei alguns conceitos bem interessantes, mas ainda assim, no fim não achei a história mais sensacional de todas… Mas em X-Men, a história é outra…rapaz, como é bom ler um quadrinho bem escrito… Pra mim, já é certeza absoluta, Hickman entrará para a história dos grandes escritores dos X-Men. É sério, é tudo grandioso, elaborado, construído nos mínimos detalhes. Hickman prova que apenas talento, sem organização e planejamento, não vale de nada. Não há espaço para improviso na narrativa do autor, ele sempre tem o controle absoluto da história e quando você termina o quadrinho você sabe que ele te conduziu exatamente onde queria chegar e quais sensações queria transmitir aos leitores. Cara, até arrepia. Jonathan Hickman reviveu a franquia dos X-Men.
O autor elevou os mutantes a uma raça superior de verdade, num mundo onde não precisam mais se esconder, pelo contrário eles sentem orgulho de serem mutantes e às vezes apresentam até uma certa arrogância, um certo desdém com os humanos.
O Hickman subverteu o Status Quo e criou absolutamente tudo. Idioma, escrita, Cultura, religião, leis, comportamento, vestuário, definitivamente, agora tudo possui o jeito mutante, sabe.
Existe um momento no quadrinho que o Ciclope encontra o quarteto Fantástico e nesta cena fica bastante claro como basicamente será o relacionamento dos mutantes com os super-heróis humanos. Minha raça, minhas regras (risos) é isso e ponto.
O Hickman incorpora uns conceitos de ficção científica foda pra caramba… ele utiliza a escala Kardashev, que é uma escala projetada em 1964 pelo astrofísico russo Nikolai Kardashev utilizada para medir o desenvolvimento tecnológico de uma civilização….cara você tem noção de como isso é foda?
Não vou falar mais para não dar spoiler, talvez eu já tenha até adiantado algum assunto, porque na verdade, eu já li a série inteira, mas acho que não dei nenhum spoiler violento, mas ouso dizer que a fase de Jonathan Hickman nos X-Men irá figurar como uma das mais importantes dos Filhos do Átomo.
Os desenhos são espetaculares, os dois desenhistas são muito bons. Pepe Larraz e RB Silva não decepcionam e completam magistralmente a obra de Jonathan Hickman, geralmente obras com dois ou mais desenhistas tendem a ter um desenhista bom e outro de qualidade duvidosa, mas aqui não, os dois desenhistas são excelentes. Não consigo definir qual é o melhor, talvez um pequeno detalhe desempate esta competição, o magneto do Silva é idêntico ao David Bowie, não consigo enxergar o magneto lá, sempre vejo o bowie e fico cantando heroes na cabeça (risos). As cores é algo que chama bastante atenção também, os portais e as flores de krakoa sempre muito coloridos. Enfim, é uma arte muito, muito competente.
Outro detalhe muito legal é a Edição da Panini, quando é pra criticar a gente critica mesmo, sem dó, mas quando o trabalho é bem feito precisamos ser justos e elogiar. Que edição bonita! Capa cartão, com 104 páginas, custando R$ 24,90, mas é bonita, tem umas parte envernizadas e tal, vem com abas destacáveis que viram marcadores de página e vem também com um cartão semente… Alguns criticaram, mas achei legal a ideia, não vou plantar o meu porque quero guardar e não tenho paciência para ficar regando flores, acabo esquecendo e geralmente elas morrem (risos), mas achei legal>
Então diante de tudo isso, minha nota para X-Men House e power of X de 0 a 5 é 4,5. Acredito que seja a melhor história dos X-men nos últimos 20 anos e sim, Hickman estará ao lado de Chris Claremont, Grant Morrison, Joss Whedon e Brian Michael Bendis como os grandes escritores de X-Men.
Ouvi muitas pessoas dizendo que o Hickman e seus X-Men são superestimados, todo mundo está carente de boas histórias e por isso se apegam a qualquer coisa, que muitos estão se deixando levar pela hype do quadrinho e blá, blá, blá….enfim…dê uma chance, talvez esta primeira edição seja um pouco complicada, talvez você faça parte de um seleto grupo de leitores de x-men que acompanharam a equipe mutante lá nos anos 80 e 90 e depois tenha ficado desgosto com a quantidade enorme de cagadas que fizeram com os mutantes…enfim..de uma chance a esta publicação. Vc vai ver que lá no fim a história foi com um quebra cabeça, que você começa perdidaço, com vontade de desistir, nada se encaixa, mas quando a gente termina de montar dá aquela sensação boa, sabe e você vê que aquelas peças lá no começo, que não faziam nenhum sentido, agora se encaixam perfeitamente no quadro…É isso.