Sinopse Oficial: SAMURAI SHIRÔ conta a história de lutas sangrentas pelo poder, honra familiar e do reencontro violento com o passado, vivido no agora por samurais modernos e a yakuza (a máfia japonesa), que usa de cenário o bairro da Liberdade, na cidade de São Paulo. Akemi é uma jovem descendente de japoneses que vê surgir em seu caminho um estranho homem sem memória, com uma katana (tipo de espada japonesa), e passa a ser perseguida pelos yakuzas. Ela vai precisar enfrentá-los, assim como seu próprio passado, para sobreviver.
Antes de mais nada, uma breve explicação sobre a temática da obra: Yakuza, Samurais e o bairro da Liberdade em São Paulo.
YAKUZA
Apesar da incerteza acerca da origem das organizações yakuza, os yakuza mais modernos derivam de duas classificações que surgiram em meados do período Edo (1603 – 1868): dokai circle, aqueles que vendiam bens ilícitos, roubados ou de má qualidade; e os okada, aqueles que se envolviam ou participavam de jogos de azar.
Os “tekiya” (mascates) foram considerados um dos mais baixos grupos sociais de Edo. Assim que eles começaram a formar organizações próprias, eles assumiram algumas tarefas administrativas relacionadas ao comércio, tais como alocação de barracas e proteção de suas atividades comerciais. Durante festivais xintoístas, esses mascates abriam barracas e alguns membros eram contratos para atuar como seguranças. Cada mascate pagava uma renda em troca do local da barraca e proteção durante a feira.
Dentre os rituais conhecidos, vamos ver retratado o Yubitsume, ou o corte do dedo de alguém, que é uma forma de penitência ou pedido de desculpas. Após uma primeira ofensa, o transgressor deve cortar a ponta de seu dedinho esquerdo e dar a parte cortada para seu chefe. Algumas vezes o subchefe pode fazer isso em penitência ao oyabun se ele quiser poupar um membro de sua própria gangue de sofrer mais retaliações.
SAMURAIS
Samurai ou Bushi (em português “guerreiro”), Inicialmente era um servidor civil do império japônes, com as funções de cobrador de impostos (coletoria) e administrador de terras (daimyō). Durante o período do Japão feudal, ganhou funções militares e virou um soldado da aristocracia imperial, no período de 930 à 1877, terminado a era como um: ronin duelista (samurai desonrado) ou mestre de artes, como artesanado, pintura, ou de chá.
Havia uma máxima entre eles: a de que a vida é limitada, mas o nome e a honra podem durar para sempre. Assim, esses guerreiros prezavam a honra, a imagem pública e, o nome de seus ancestrais acima de tudo, até da própria vida.
LIBERDADE – SP
A Liberdade é um bairro turístico da cidade de São Paulo, localizado em parte no distrito da Liberdade e em parte no distrito da Sé. É conhecido como o maior reduto da comunidade japonesa na cidade, comunidade esta que é considerada a maior do mundo fora do Japão.
A presença japonesa no bairro começa quando, em 1912, os imigrantes japoneses começaram a residir na rua Conde de Sarzedas, ladeira íngreme, onde, na parte baixa, havia um riacho e uma área de várzea.
Um dos motivos de procurarem essa rua é que quase todos os imóveis tinham porões, e os aluguéis dos quartos no subsolo eram incrivelmente baratos. Nesses quartos, moravam apenas grupos de pessoas. Para aqueles imigrantes, aquele cantinho da cidade de São Paulo significava esperança por dias melhores. Por ser um bairro central, de lá poderiam se locomover facilmente para os locais de trabalho.
Já nessa época, começaram a surgir as atividades comerciais: uma hospedaria, um empório, uma casa que fabricava tofu (queijo de soja), outra que fabricava manju (doce japonês) e também firmas agenciadoras de empregos, formando, assim, a “rua dos japoneses”.
Amigos, como é bom ver Danilo Beyruth com espaço para trabalhar uma história! Sou fã desde Necronauta e até então, considerava Bando de Dois sua maior obra! Se em Bando ele levou o “Velho-Oeste” para o nordeste e nos fez pirar, Samurai Shirô desembarca a Yakuza para o Brasil, num belíssimo thriller. Quando me refiro a espaço, as quase duzentas páginas desenhadas por Danilo dão uma liberdade de movimento que fez falta em obras como Astronauta (limitada a 82 páginas) e São Jorge (mesmo que em duas partes). Somente uma obra deste calibre poderia trazer o Japão a São Paulo e fazer o bairro da Liberdade o ambiente para essa aventura.
Por vários momentos me peguei imaginando como seria esta obra adaptada para o cinema, tamanha a dinâmica das sequências. Shirô poderia ser perfeitamente vivido por Keanu Reeves ao melhor estilo John Wick (em De Volta ao Jogo, se você não viu, tá errado!). Por favor, façam isso acontecer!
O traço mostra a constante evolução de Beyruth, o detalhismo que por vezes me lembrou Akira (principalmente nas cenas de movimento em velocidade). Outro ponto muito interessante é a aplicação das tatuagens dos membros da Yakuza.
Senti falta apenas de uma transição um pouco mais clara em alguns momentos entre localidades e na inserção de um personagem ou outro em alguma cena, mas nada que atrapalhe a continuidade e fluidez. O texto bem referenciado, explicativo sem ser prolixo, ajuda muito na velocidade e desenrolar da trama.
Por fim, que belo acabamento, digno de louvor para Darkside Books, em seu selo Darkside Graphic Novel. A curadoria do material aliada a qualidade do produto acabado fazem a editora ter fãs, ao invés de clientes…
Fica minha recomendação deste quadrinho obrigatório e que muito provavelmente pode ganhar uma continuação (esperamos que em breve!).
Título | Samurai Shirô
Autor | Danilo Beyruth
Editora | DarkSide®
Edição | 1a
Idioma | Português
Especificações | 192 páginas, capa dura
Dimensões | 17,5 x 26 cm
ISBN | 978-85-9454-139-0
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