Capitão Feio – Identidade – Magno & Marcelo Costa

Sinopse Oficial: Ele é um homem solitário, sem memórias, sem passado e extremamente poderoso. Mas a revelação de seu misterioso dom tornará cada vez mais difícil sua relação com a sociedade. Em Identidade, os gêmeos Magno e Marcelo Costa fazem uma releitura angustiante e surpreendente do Capitão Feio, o principal vilão criado por Mauricio de Sousa.

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Os irmãos Costa não brincam em serviço!

Magno e Marcelo Costa, de onde conheci quando li o fabuloso quadrinho A Vida de Jonas (leia aqui – http://fanzine.com.br/a-vida-de-jonas/) estão de volta agora pelo selo MSP, nos brindando com a mais recente Graphic: Capitão Feio – Identidade.

Como já dito na sinopse, o principal vilão do universo criado por Maurício de Sousa, ganha agora sua própria edição especial, figurando na mesma estante que Turma da Mônica – Laços, Bidu – Caminhos, Chico Bento – Arvorada, Astronauta – Magnetar… e citando somente as minhas preferidas! Sempre um ícone a parte, os títulos das graphics MSP são uma reflexão a parte. Quando não fazem um trocadilho ou remetem a um elemento de trama, nos fazem voltar a refletir ao final de ler a edição.

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Há muito mais em Identidade, do que uma simples história de origem. O motorista que estaciona o carro em local proibido, que tranca o cruzamento e atrapalha o trânsito é uma pessoa má? Levando em consideração a teoria do filósofo inglês Thomas Hobbes, a resposta é sim. O teórico que acreditava que o homem, na sua essência, não é um ser do bem. Para Hobbes, o homem é essencialmente mau e acreditava que o não queria se tornar um ser social.

Segundo a teoria de Hobbes, se o homem já nasce mau, ele não sabe viver em sociedade e precisa de um estado autoritário, que dite as regras, as normas de convivência. A visão é de que homem não tem pretensão de ser social. Ele é mau, o que causa insociabilidade. Para se tornar social, é preciso formar um novo acordo entre homens, para que eles possam renunciar à coisa mais importante num estado de selvageria, que seria a liberdade.

Thomas Hobbes (5 de abril de 1588 – 4 de dezembro de 1679) foi um matemático, teórico político e filósofo inglês, autor de Leviatã (1651) e Do cidadão (1651). Na obra Leviatã, explanou os seus pontos de vista sobre a natureza humana e sobre a necessidade de um governo e de uma sociedade fortes. No estado natural, embora alguns homens possam ser mais fortes ou mais inteligentes do que outros, nenhum se ergue tão acima dos demais de forma a estar isento do medo de que outro homem lhe possa fazer mal. Por isso, cada um de nós tem direito a tudo e, uma vez que todas as coisas são escassas, existe uma constante guerra de todos contra todos (Bellum omnia omnes). No entanto, os homens têm um desejo, que é também em interesse próprio, de acabar com a guerra e, por isso, formam sociedades através de um contrato social.

O ponto inicial da maior parte dessas teorias é o exame da condição humana na ausência de qualquer ordem social estruturada, normalmente chamada de “estado de natureza”. Nesse estado, as ações dos indivíduos estariam limitadas apenas por seu poder e sua consciência. Desse ponto em comum, os proponentes das teorias do contrato social tentam explicar, cada um a seu modo, como foi do interesse racional do indivíduo abdicar da liberdade que possuiria no estado de natureza para obter os benefícios da ordem política.

De acordo com Hobbes, tal sociedade necessita de uma autoridade à qual todos os membros devem render o suficiente da sua liberdade natural, de forma que a autoridade possa assegurar a paz interna e a defesa comum. Este soberano, quer seja um monarca ou uma assembleia (que pode, até mesmo, ser composta de todos, caso em que seria uma democracia), deveria ser o Leviatã, uma autoridade inquestionável. A teoria política do Leviatã mantém, no essencial, as ideias de suas duas obras anteriores, Os elementos da lei e Do cidadão (em que tratou a questão das relações entre Igreja e Estado).

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Basta ligar a TV para perceber os fatos que demonstram as atitudes de extrema maldade, onde o homem fica inclinado a concordar com Hobbes: falta do exercício da cidadania, como cuidado da cidade, do outro, consigo mesmo. Continuar a discussão e redefinir nossos papéis como cidadão, como pessoa, como ser humanizado, e que nos leva a outra questão, onde o livre arbítrio e determinismo tomam conta de grande parte do debate sobre a natureza humana.

Livre arbítrio refere-se à capacidade do homem de fazer escolhas verdadeiramente livres (em certo sentido).

No que se refere aos seres humanos, a tese do determinismo implica que as opções humanas são plenamente causadas por forças internas e externas.

Incompatibilismo: sustenta que o determinismo e o livre arbítrio são contraditórios (ou ambos são falsos). As visões incompatibilistas podem negar ou aceitar o livre arbítrio.

Visões incompatibilistas em favor do livre arbítrio incluem:
O libertarismo entende que a percepção humana de livre escolha em ação é verdadeiro, em vez de aparentemente verdadeira, dessa forma, as nossas ações são executadas sem que haja qualquer coerção por forças internas ou externas.

Tomismo sustenta que os seres humanos têm uma verdadeira experiência de livre arbítrio, e essa experiência é prova de uma alma que transcende os meros componentes físicos do ser humano.

Opiniões incompatibilistas contrárias incluem:
O determinismo refere-se a lógica de que os seres humanos, como todos os fenômenos físicos, são objeto de causa e efeito. O determinismo também entende que as nossas ações resultam do meio social e fatores biológicos ou teológicos. Um equívoco comum é acreditar que todos os deterministas são fatalistas que acreditam que a deliberação não faz sentido e que o futuro já está definido, quando na verdade a maioria dos deterministas mantém a ideia de que nós devemos deliberar sobre as nossas ações e que isto é parte da complexa interação entre causa e efeito.

A predestinação é a teoria de que Deus orquestra todos os acontecimentos no universo (humanos, naturais e outros) de acordo com sua vontade, porém ele o faz de uma forma que inclui o livre arbítrio do homem.

Determinismo biológico e determinismo social são os pontos de vista segundo os quais as ações humanas são determinadas pela sua biologia e interação social, respectivamente. O debate entre estas duas posições é conhecido como natureza versus criação.

Acreditar na tese de Hobbes é acreditar que não temos oportunidade de nos mostrar diferentes da maldade. Esse exercício é para mim o fio condutor da origem do Capitão Feio. Vemos que ele não tinha intenção de causar dano à sociedade e, ela mesma, o julga mal por sua aparência ou por não perceber a real intenção de seus atos. Ao desistir de se fazer entender e em meio ao caos que sua mente danificada está, Feio abraça ao final a ideia de que é sim, Feio, Mau e por que não, Capitão. E nós, como sociedade, como ficamos ao estabelecer pré julgamentos sem refletir sobre coisa alguma antes de emitir opiniões altamente balizadas em postagens de redes sociais?

Por fim, temos mais uma Graphic MSP com arte deslumbrante e projeto gráfico impecável. Você pode ler esta edição e sair satisfeito pela aventura, ou seguir para as camadas mais internas e transformar mais esta edição em assunto de roda de amigos!

A edição ainda conta com 11 páginas de extras sendo estudos de arte, capas, curiosidades do personagens e biografia dos autores.

Link para compra: https://www.amazon.com.br/Graphic-MSP-Capit%C3%A3o-Feio-Identidade/dp/8542607988

Capa dura: 100 páginas
Editora: Panini; Edição: 1ª (6 de setembro de 2017)
Idioma: Português

Fabio Camatari Escrito por:

Dinheiro não traz felicidade... mas compra quadrinhos, que é quase a mesma coisa!