Quino – 1932-2020


Joaquín Salvador Lavado, ou Quino, foi o criador das histórias em quadrinhos mais traduzidas da língua espanhola. Ele nasceu em 1932, em Mendoza, na Argentina, onde voltou a morar em 2017, após a morte de sua mulher, Alicia Colombo.
Seu nome é sempre associado ao de sua personagem mais famosa, que completou 56 anos nesta segunda-feira (29). A questionadora menininha de seis anos, fã de Beatles, ficou famosa pela preocupação em combater os problemas sociais e a sopa no jantar.

Criação de Mafalda
Quino criou Mafalda já em seu primeiro emprego como desenhista publicitário, que teve início em 1962. A garotinha seria personagem de uma peça de propaganda, que foi rejeitada por jornais na época.

O autor retomou o personagem em 1964. A primeira tirinha foi publicada no dia 29 de setembro daquele ano. A partir de então, as historinhas, agora sem objetivo publicitário, acabaram aparecendo em jornais do mundo todo. Mais tarde, os livros de Mafalda foram traduzidos para mais de 30 idiomas.

cartunista argentino Quino posa diante de sua personagem cômica mais famosa, Mafalda, durante a cerimônia de abertura da exposição de suas obras no Museu do Humor de Buenos Aires

Filho de imigrantes espanhóis da Andaluzia, nasceu em 1932 na província de Mendoza na Argentina. Desde cedo foi chamado pelos familiares pelo apelido com que é conhecido – Quino – para diferenciá-lo do tio homônimo, desenhista, com quem já aos 3 anos de idade aprendeu o gosto pela arte.

Em 1945 perdeu a mãe e em 1948 o pai. No ano seguinte abandonou a Faculdade de Belas Artes com a intenção de se tornar um autor de quadrinhos, e logo vendeu o seu primeiro desenho animado, um anúncio de uma loja de seda. Tentou encontrar trabalho no editorial Buenos Aires, mas não conseguiu. Depois de fazer o serviço militar obrigatório em 1954, estabeleceu-se em Buenos Aires em condições precárias. Por fim, publicou a sua primeira página na revista de humor semanal Isto é, de logo se seguiram outras editoras: Leoplán, TV Guía, Vea y Lea, Damas y Damitas, Usted, Panorama, Adán, Atlántida, Che, o diário Democracia, entre outros.

Em 1954 começou a publicar regularmente no Rico Tipo e no Tia Vicenta e Dr. Merengue. Logo depois começou a tirar fotos de publicidade. Publicou as suas coleções primeiro no livro “Mundo Quino” em 1963, e logo surgiram algumas encomendas para algumas páginas numa campanha de publicidade encomendada por Mansfield, uma empresa de eletrodomésticos.

A campanha não chegou a ser realizada pelo que a primeira história de Mafalda foi publicada no Leoplán, e pouco depois passou a ser publicado regularmente no semanário Front Page já que o editor do semanário era um amigo de Quino.

Entre 1965 e 1967 foi publicado no jornal (entretanto desaparecido) O Mundo, logo publicou as primeiras colecções de livros, e começou a ser lançado em Itália, Espanha (onde a censura forçou-o a rotulá-la como “conteúdo para adultos”), Portugal e outros países. Depois de por um fim à Mafalda a 25 de junho de 1973, segundo o próprio por as suas ideias estarem a esgotar-se, Quino mudou-se para Milão, onde continuou a fazer as páginas de humor que lhe caracterizam.

Em 2008, a cidade de Buenos Aires imortalizou-o. Por iniciativa do Museu de Desenho e Ilustração e com curadoria de Mercedes Casanegra, a Buenos Aires empresa Subway realizou dois murais da sua personagem Mafalda, na estação Peru, ou seja na histórica Plaza de Mayo. Isto assegurou o conhecimento do seu trabalho para as gerações futuras. Em 2009, com uma peça original da sua personagem Mafalda, realizado para o jornal El Mundo, na exposição “Bicentenário: 200 Anos de Humor Gráfico” que o Museu de Desenho e Ilustração, realizada em Eduardo Sivori Museu de Buenos Aires, homenageando os mais importantes criadores de Humor Gráfico na Argentina através de sua história.

Morreu em 30 de setembro de 2020, aos 88 anos, de acidente vascular cerebral.

Mafalda
A obra mais famosa de Quino é a tira cômica Mafalda, publicada entre os anos 1964 e 1973. Editada em tiras nos jornais, Mafalda questionava todos os problemas políticos, de gênero, e até científicos que afligiam sua alma infantil e, ao mesmo tempo, refletia o conflito que as pessoas da época enfrentavam, sobretudo com a progressiva mudança dos costumes e a já incipiente introdução da tecnologia no cotidiano.

Um bom exemplo é a tira onde Mafalda ouve no rádio:

“O Papa fez um chamado à paz”
E, com sua ingenuidade infantil, responde ao aparelho:
“E deu ocupado como sempre, não é?”

Apesar de ter sido interrompida ainda no começo dos anos 1970, Mafalda possui uma legião de fãs, e o trabalho de Quino ainda tem reconhecimento internacional, como um dos maiores cartunistas do mundo. Quino criou vários personagens, mas a personagem mais famosa é Mafalda, uma menina de quase 8 anos que odeia sopa.

A personagem também virou protagonista de um filme, produzido na Argentina e lançado em 1982.

Além da garotinha, as tirinhas também tornaram célebres personagens como Manolito, Susanita, Guille, Filipe e Libertad.

Em 1973, após quase 2 mil tirinhas, Quino decidiu que não desenharia mais Mafalda.

Em uma entrevista em 2014, questionado se a personagem manteria seu olhar crítico ao mundo tantos anos depois, Quino disse que sim. “E tem mais argumentos ainda. Se você ver os jornais, não precisa nem perguntar o porquê.”

Depois de abandonar a personagem, Quino continuou a criar histórias com tom político, muitas vezes sobre opressão e desigualdade social, para jornais de vários países.

O Universo HQ fez um ótimo texto também, de onde vamos referenciar a mesma imagem de despedida:

Fabio Camatari Escrito por:

Dinheiro não traz felicidade... mas compra quadrinhos, que é quase a mesma coisa!