Skybourne – Frank Cho

Sinopse Oficial: Depois de Lázaro ter milagrosamente ressuscitado, ele teve três filhos, Abrahan, Thomas e Grace Skybourne.
Os três eram dotados de habilidades imagináveis: super força, resistência sobre-humana e imortalidade.
Eles criaram a Fundação “Cume da Montanha” para proteger a Terra de ameaças sobrenaturais – entre elas, um ensandecido mago que quer acabar com a humanidade!
Essa é a trama de Skybourne, uma aventura super divertida e ilustrada com maestria pelo consagrado auto Frank Cho.

Originalmente publicada pela editora norte-americana BOOM! Studios, esta minissérie em cinco partes escrita e ilustrada por nosso querido, amado e polêmico Frank Cho – uma das figuras mais ímpares da indústria moderna dos quadrinhos – Skybourne foi lançada em 2016 e chegou ao Brasil rem 2019 através de uma bela edição encadernada da Mythos Editora.

E apesar de o nome não deixar nada muito claro sobre o teor desta série, a história de Skybourne reúne uma enorme quantidade de ideias que são apresentadas com muito humor negro e ação desenfreada, onde Cho e seu colorista Márcio Menyz criam um mundo bem ousado que trará elementos principais de Rei Arthur, que movem a história central, e até mesmo de H. P. Lovecraft. Isso por si só já representaria um risco: reunir tanta variedade num arco só.

Este quadrinho não é nem um pouco profundo: possui uma trama simples e direta onde os três filhos de Lázaro são AbrahamThomas e Grace Skybourne, e todos são dotados de habilidades incríveis como super força e imortalidade. A Fundação Cume da Montanha foi criada para proteger a Terra de ameaças sobrenaturais, e há muito tempo a principal ameaça enfrentada foi um mago louco que visava acabar com a humanidade: o mago Merlin.

O enredo faz uso de todos os clichês de filmes de ação e espionagem conhecidos e são bem aproveitados em Skybourne. Ação interminável, caracterização de elenco que se desenvolve com poucas imprevisibilidades e muitas cenas divertidas, dramas manjados, entre outros. Entretanto, essas características podem parecer empecilhos para a qualidade da história, mas encarando-a como se deve e da forma como o autor se propôs a apresentá-la, esta se transforma em uma surpresa agradável e descompromissada. Aquele gibizão que a gente senta para ler e termina de uma vez.

Frank Cho é dono um traço bastante característico e costuma ser muito proporcional. Sua retratação de figuras humanas, principalmente as femininas, trazem algumas discussões bem humoradas. Em sua sketchbook 2020, com apenas canetas esferográficas, fez uma sequência de artes que mais seriam ensaios sensuais. As donas das forma voluptuosas não trazem extravagância, apenas arte, tal qual Frazetta o fazia tão bem. Como roteirista não perde tempo com muitos detalhes, mergulhando o leitor em uma narrativa cinematográfica logo de cara. A trama principal se desenrola com investigações e treinamentos com eventuais descobertas acerca do passado de alguns protagonistas, e rapidamente torna-se perceptível que além dos super-humanos, esta é também uma incrível história de monstros mitológicos (aí já me ganhou). Dragões, minotauros, centauros, ciclopes e muito mais, com uma subtrama ainda mais apoteótica que pode liberar entidades cósmicas de suas prisões secretas, trazendo caos ao mundo. As lendas arturianas, vivas no mundo moderno, misturam-se aos avanços da tecnologia.

Apesar dos clichês, Cho está muito livre no roteiro, o que torna a escalada da trama quase imprevisível: até onde ele vai? O humor negro e bastante ácido é um dos pontos de destaque, tanto quanto as batalhas. As quebras e expectativas são constantes e hilárias.

Thomas e Grace Skybourne são os heróis desta aventura, com destaque especial para Thomas. A enigmática Fundação Cume da Montanha também é desenvolvida e o autor possui em suas mãos um universo que renderia mais histórias (por favor, continuem!)

As cores de Menyz são compatíveis com os traços claros do autor, e revezam muito bem as tonalidades entre os flashbacks, o presente e as monstruosidades. Os diálogos são competentes e batem com a premissa, e a forma como Excalibur e as lendas arturianas foram representadas ao longo dos anos nunca foi tão diferente e criativa quanto aqui.

Skybourne tem 164 páginas encadernadas em capa dura com verniz aplicado e formato americano (26 x 17 cm), reunindo toda a série original, e o preço sugerido é R$ 72,90 (mas com as vendas da Black November de 2021 promovida pela Mythos Editora, minha edição saiu por módicos 10,00 reais + frete).

Fabio Camatari Escrito por:

Dinheiro não traz felicidade... mas compra quadrinhos, que é quase a mesma coisa!