Ronin – Frank Miller

Sinopse oficial: Em um passado distante… um importante senhor do Japão antigo é eliminado por uma entidade de puro mal. Um jovem guerreiro jura vingança e torna-se um samurai sem mestre – um ronin – preso em uma luta eterna contra o demônio que assassinou seu patrono. Em um futuro próximo… uma grande corporação da selva urbana de Nova York está se preparando para lançar uma mortal nova tecnologia, e um infantilizado telepata e uma corajosa chefe de segurança são as únicas coisas em seu caminho. Quando esses dois mundos colidem, sonhos e realidade se misturam em uma apocalíptica batalha final – e, no coração desse caos, um solitário guerreiro enfrentará o maior dos testes à sua fidelidade.

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Dois anos antes de transformar o gênero de super-heróis para sempre com Batman: O Cavaleiro das Trevas, o aclamado roteirista e desenhista Frank Miller criou uma graphic novel tão original e audaciosa quanto aquele marco das HQs. Décadas à frente de seu tempo, ‘Ronin’ foi uma das primeiras obras a trazer as inovadoras técnicas do mangá para o público dos comics, em uma parábola tão surpreendente quanto qualquer grande obra de ficção científica. Uma combinação emocionante, perfeita e única de Oriente e Ocidente, passado e futuro, e ciência e magia, “Ronin” é um dos maiores feitos de Miller. Foi publicado originalmente em seis edições durante 1983 e 1984 e no Brasil, saiu pela primeira vez em 1988, pela Abril, tanto em minissérie quanto em encadernado. A editora relançou o material em 1991.

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Mas afinal de contas, o que seria um Ronin?

Ronin (浪人; 浪 = Onda, 人 = Homem). no Japão feudal foi um samurai que não seguia a um daimyo, ou seja, que não possuía um mestre – princípio básico do bushido de lealdade ao daimyo. Era considerado a profunda forma de penitência de um guerreiro samurai, pois além de não mais possuírem o direito de ter um mestre para seguir, não podiam ceifar a própria vida através do seppuku (ação restauradora da honra), estando eles “presos” a uma vida desonrosa — não possuindo, portanto, um sentido para sua existência.

O samurai que perdesse seu daimyo deveria praticar o seppuku (切腹) de acordo com o bushido (武士道), porém houve casos em que isso não ocorreu, seja por vontade do daimyo, ou por diversos outros motivos como, por exemplo, a vingança dos quarenta e sete ronin.
Seppuku (切腹, lit. “cortar o ventre”), vulgarmente conhecido no ocidente por haraquiri ou haraquíri (腹切 ou 腹切り), refere-se ao ritual suicida japonês reservado à classe guerreira, principalmente samurai, em que ocorre o suicídio por esventramento. Surgiu no Japão em meados do século XII generalizando-se até 1868, quando foi oficialmente interdita a sua prática. A palavra haraquíri, embora amplamente conhecida no estrangeiro, é raramente utilizada pelos japoneses, que preferem o termo seppuku (composto pelos mesmos caracteres chineses por ordem inversa). O ritual de estripação normalmente fazia parte de uma cerimônia bastante elaborada e executada na frente de espectadores.
O método apropriado de execução consistia num corte (kiru) horizontal na zona do abdómen, abaixo do umbigo (hara), efetuado com um tantō, wakizashi ou um simples punhal, partindo do lado esquerdo e cortando-o até ao lado direito, deixando assim as vísceras expostas como forma de mostrar pureza de caráter. Finalmente, se as forças assim o permitissem, era realizado outro corte puxando a lâmina para cima, prolongando o primeiro corte ou iniciando um novo ao meio desse. Terminado o corte, o kaishakunin (介错人) realizava a sua principal função no ritual, a decapitação

Os ronin não seguiam o princípio básico do bushido de lealdade ao daimyo – lembrado que ser ronin nunca foi uma opção e sim uma condição imposta normalmente pelo daimyo – sendo assim, não eram considerados samurai, mas ainda assim portavam um daishō (大小), o símbolo máximo da casta samurai.

Explicando o que seria Bushido (武士道) literalmente, “caminho do guerreiro”, é um código de conduta e modo de vida para os Samurai (a classe guerreira do Japão feudal ou bushi), vagamente semelhante ao conceito de cavalheirismo que define os parâmetros para os Samurais viverem e morrerem com honra.
É originário do código moral dos samurai e salienta a frugalidade, fidelidade, artes marciais, mestria e honra e até a morte. Nascido de duas principais influências, a existência violenta do samurai é atenuada pela sabedoria e pela serenidade do Confucionismo e do Budismo. O Bushido foi desenvolvido entre os séculos IX e XII e inúmeros documentos traduzidos a partir dos séculos XII e XVI demonstraram a sua grande influência em todo o Japão, embora alguns estudiosos tenham mencionado que o “termo Bushidō em si é raramente mencionado na literatura pré-moderna”

Ser ronin consistia em viver peregrinando, ocupando-se de pequenos serviços em troca normalmente da refeição do dia e da prática das artes samurai. Os ronin tornaram-se temidos por sua grande habilidade em combate e por sua independência do código samurai, o que os tornava muito mais temíveis que os já temidos samurai.
O Ronin em geral é um solitário. Na cultura Japonesa, crê-se que todo homem segue um destino, uma linha. O Ronin por sua vez faz jus ao seu nome: Homem-Onda. Não tem sentido, nem destino (como as ondas do mar).

Confesso que demorei um tanto para ler Ronin, sempre postergando, ou por não encontrar a edição tão facilmente, ou pelo volume que representava. Em uma viagem e algumas horas de poltrona, vejo o quanto estava perdendo! Miller estava em ótima forma, pré Cavaleiro das Trevas, com um traço rico, páginas dinâmicas e o texto bem alinhado. Leitura obrigatória para qualquer um, colecionador ou não. Aproveitem que a Panini relançou como encadernado de luxo e invista!

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Link para compra:
https://www.amazon.com.br/Ronin-Frank-Miller/dp/8583682054

Capa dura: 336 páginas

Editora: Panini; Edição: 1 (30 de novembro de 2016)

Idioma: Português

Dimensões do produto: 28 x 18,4 x 2 cm

Fabio Camatari Escrito por:

Dinheiro não traz felicidade... mas compra quadrinhos, que é quase a mesma coisa!