Popeye – Um Homem ao Mar – Ozanam & Lelis

Sinopse Oficial: A Skript Editora traz ao Brasil a aclamada obra do francês Ozanam e do multipremiado artista brasileiro Lelis: POPEYE – UM HOMEM AO MAR. A graphic novel tem acabamento de luxo, extras e um resgate histórico produzido pelo seu editor e adaptador e coautor do livro História dos Quadrinhos: EUA, Diego Moreau. Este quadrinho não é exatamente o Popeye que você conhece.

Ele ainda é aquele falastrão caolho que exibe o bíceps depois de comer espinafre em lata. Engraçado em sua maneira de falar, suas frases prontas, engolindo as palavras. Ainda é aquele cara corajoso e um homem bom. Mas nesta graphic novel há outras camadas. Uma melancolia e uma beleza que só o afiado e sensível roteiro do francês Ozanam, com a exuberante arte aquarelada de Lelis, poderia expressar. Diferente de suas primeiras histórias, e dos famosos desenhos animados, o Popeye desta HQ é um herói improvável que poderia ser encontrado em qualquer porto pelo mundo. Na história, uma garota estranha com linguagem floreada chega para acertar em cheio seu olho saudável. Ele é muito velho para ela. Mas Olivia é garota dele, sem dúvida. Como todo homem apaixonado, a razão some e Popeye concorda em partir numa aventura com o irmão de Olívia… em busca de um fabuloso tesouro. Essa é uma releitura da origem do personagem, que tinha surgido como apenas um coadjuvante na tira Thimble Theatre.

Popeye talvez não seja um nome tão conhecido pelo público infantil hoje em dia, mas com certeza os nascidos até 1990 devem ter boas recordações do personagem, principalmente pelas séries animadas, que ao longo dos anos foram desenvolvidas e distribuídas por vários estúdios: Fleischer Studios (1933-1942), Famous Studios (1942-1957), King Features Syndicate TV (1960-1962) e Hanna-Barbera (1978-1988). As fases da Hanna-Barbera foram exibidas no Brasil pela Rede Globo na década de 1990, pela Record entre 2007 e 2009, e entre 2012 e 2014 pela Band.

Popeye surgiu em 1929, nas tiras de quadrinhos “Thimble Theatre” (“Teatro em Miniatura”) de Elzie Crisler Segar no “New York Journal”. Em uma história publicada em 17 de janeiro de 1929, o irmão da Olívia, Castor Palito estava voltando de uma viagem de navio em busca de Bernice, uma lendária galinha mágica, que emitia o ruído “whiffle” (e por isso era chamada de “Galinha Whiffle”), que podia dar força e invulnerabilidade a qualquer um que esfregasse suas penas. Castor então resolve contratar mais um marinheiro para a sua tripulação, ele chega em um cais, e pergunta a um homem com uniforme de marinheiro: “Ei você aí! Você é um marinheiro?” e ele o responde: “Você achou que eu fosse um cowboy?!”.

Segar não pode aproveitar muito o sucesso de seu personagem, pois ele morreu em 13 de outubro de 1938, aos 43 anos de idade, vítima de leucemia.

Voltando a esta obra de arte que é Popeye – Um Homem Ao Mar, podemos dizer que ao mesmo tempo que o quadrinho funciona como relato de origem, também é uma homenagem ao autor e personagens. As frases ditas, as relações entre eles, os conflitos e suas origens, até vários comportamentos clássicos dos personagens principais são apresentados ao público. O visual de Popeye (inclusive seu olho vazado, daí seu nome do inglês – pop / eye), inspirado no marujo que realmente existiu, Frank “Rocky” Fiegel.

Sim, esse marujo era real e E. C. Segar o conheceu pessoalmente. Sua história é fruto dessa conversa (claro, adaptada e romantizada) e é o fio condutor deste quadrinho, junto ao estabelecimento da relação com a querida Olivia Palito.

Ainda falando do texto, particularmente fiquei de queixo caído em vários momentos reveladores: o espinafre interminável, a rixa com Brutus (ou Bluto, como no original), Dudu comedor de hambúrgueres, a relação com o Vovô Popeye e talvez, o ponto alto e mais emocionante em minha opinião: como o bebê órfão Gugu vai para os cuidados de Olivia e Popeye.

A arte aquarelada de Lelis (@aqualelis) é um absurdo, notem que o lápis dá uma sensação de “água” ou como se estivéssemos lendo cada página da perspectiva de dentro d’água. Melhor que comentar, é mostrar:

Uma das melhores coisas lidas em 2021, este é um quadrinho atemporal e uma ótima opção de presente para alguém que gostava do personagem ou que seja leitor de quadrinhos. É um relato histórico, rico em pesquisa e detalhes que só enriquecem uma obra que chegou ontem e tem potencial de se tornar um clássico! Parabéns à Skript Editora pelo excelente trabalho editorial e pela sensibilidade de nos trazer algo tão bom.

Link para compra na Amazon:

https://www.amazon.com.br/Popeye-Um-Homem-Ao-Mar/dp/6586284333

Fabio Camatari Escrito por:

Dinheiro não traz felicidade... mas compra quadrinhos, que é quase a mesma coisa!