Sinopse Oficial: Os portais do nosso mundo foram abertos para que os terrores cósmicos nos invadam! E agora a humanidade se encontra indefesa e à mercê de toda sorte de criaturas pavorosas que se originaram nos pesadelos, dimensões alternativas e abismos sombrios que existem secretamente neste e em outros mundos. Em Os Mitos de Cthulhu, somos apresentados a três dos contos mais celebrados do mestre do horror do século XX, H.P. Lovecraft, transformados em histórias em quadrinhos pelo incomparável artista espanhol Esteban Maroto (Cinco por Infinito, Espadas e Bruxas)!
Desta união inominável, os clássicos A Cidade Sem Nome, O Cerimonial e O Chamado de Cthulhu ganharam novos contornos para assombrar ainda mais a nossa existência mortal. Mesmo que mais de oitenta anos tenham se passado após sua morte, Lovecraft continua inigualável no gênero do horror, influenciando autores modernos como Alan Moore, Neil Gaiman e Stephen King; por sua vez, ao adaptar em imagens os textos de Lovecraft, Maroto prova de forma incontestável que tem um traço vigoroso e impressionantemente atemporal. Por quase 40 anos, esta obra ficou praticamente perdida e envolta em casualidades dos mais diversos tipos, com suas histórias sendo publicadas de maneira fragmentada por diferentes editoras estrangeiras e sem o devido apreço, mas agora, finalmente, ela foi resgatada e chega ao Brasil em uma edição definitiva e repleta de extras, com 92 páginas, capa dura e miolo em papel couché de alta gramatura.
O volume começa com A Cidade sem Nome (The Nameless City, 1921). Essa história é geralmente apontada como a primeira do ciclo dos Mitos, depois do ciclo de aventuras de sonhos de Randolph Carter, no qual Lovecraft foi fortemente inspirado por Lord Dunsany. Nela, um arqueólogo chega a uma cidade esquecida pelo tempo, descobrindo que ela foi construída por seres anteriores à humanidade. A maioria das características do trabalho posterior de Lovecraft já está aqui. Raças estranhas que povoaram a Terra em tempos imemoriais, construções ciclópicas, o fascínio pelo Oriente … e Abdul Alhazred, que é mencionado nesta história pela primeira vez. Maroto faz um trabalho impressionante aqui, dando um design majestoso para a cidade enterrada que não deixa fôlego.
O Cerimonial (O Festival, 1923) é a segunda história. Um jovem visita a cidade costeira de Kingsport, convidado por seus parentes para uma celebração ancestral. E depois de passar algum tempo absorvido na leitura do infame Necronomicon, ele testemunhará um ritual em que seres pútridos invocam monstros alados. Temos aqui o terror que vem do mar e o legado familiar obscuro e desconhecido, conceitos aos quais ele retornará repetidamente, sendo talvez o mais conhecido The Shadow On Innsmouth (1931).
Aqui podemos ver a mesma cena desenhada na adaptação de 1974 de Alberto Breccia (à esquerda) e Esteban Maroto (à direita). Talvez a adaptação de Maroto seja mais literal que a de Breccia, enquanto que, tomando mais liberdades, reflete melhor a loucura, a paisagem do terror. Poderíamos dizer que Maroto retrata a realidade e Breccia é o estado mental do protagonista.
Os Mitos de Cthulhu, assim nomeada a última história da edição brasileira pelo selo Pipoca e Nanquim, fecha o volume adaptando a história mais conhecida do autor, O Chamado de Cthulhu (O Chamado de Cthulhu, 1926). Nestas páginas atinge seu clímax o horror cósmico do autor, e o sentimento sombrio de que o ser humano é absolutamente insignificante no universo. A adaptação de Maroto desta história é muito mais fiel ao original que a de Breccia, muito mais inspirada e feliz.
É chocante que uma imagem tão icónica como a do Grande Cthulhu tenha sido moldada de uma forma tão diferente da que todos temos em mente. Mas ainda assim, é uma imagem impecável. Vamos nos colocar no lugar de alguém que contempla um monstro dessas características de centenas de metros de altura. A mente humana não está preparada para entender tal horror, e a imagem de Maroto reflete perfeitamente essa confusão.
Estamos, em suma, diante de uma obra que é obrigatória para qualquer seguidor do trabalho de Lovecraft. Um trabalho magnífico em que Esteban Maroto é redescoberto como um excelente criador dentro do gênero de terror.
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