Miss Davis – A Vida e Lutas de Angela Davis

Sinopse oficial: “NEGRA. ATIVISTA. REVOLUCIONÁRIA. Angela Davis é uma das maiores ativistas do nosso tempo. Sua história de vida e sua luta pelos direitos civis nos Estados Unidos a converteram em um símbolo do movimento negro e do feminismo. Nesta incrível biografia em HQ, Sybille Titeux de la Croix ― acompanhada pelos brilhantes traços de Amazing Ameziane ― refaz a jornada de Miss Davis, desde sua infância no Alabama, marcada pela segregação racial e pelos ataques da Ku Klux Klan, até sua saída da prisão em 1972, na Califórnia, após uma enorme mobilização mundial pela sua libertação. Esta é a oportunidade perfeita para leitoras e leitores conhecerem sua história. A obra conta ainda com um texto de orelha assinado pela filósofa e escritora Djamila Ribeiro. “

Angela Yvonne Davis (Birmingham, 26 de janeiro de 1944) é uma professora e filósofa comunista estadunidense que alcançou notoriedade mundial na década de 1970 como integrante do Partido Comunista dos Estados Unidos, dos Panteras Negras, por sua militância pelos direitos das mulheres e contra a discriminação social e racial nos Estados Unidos, referência entre os marxistas e por ser personagem de um dos mais polêmicos e famosos julgamentos criminais da recente história dos EUA.

Angela nasceu no estado do Alabama, um dos mais racistas do sul dos Estados Unidos e desde cedo conviveu com humilhações de cunho racial em sua cidade. Leitora voraz quando criança, aos 14 anos participou de um intercâmbio colegial que oferecia bolsas de estudo para estudantes negros sulistas em escolas integradas do norte do país, o que a levou a estudar no Greenwich Village, em Nova Iorque, onde travou conhecimento com o comunismo e o socialismo teórico marxista, sendo recrutada para uma organização comunista de jovens estudantes.

Na década de 1960, Angela tornou-se militante do partido e participante ativa dos movimentos negros e feministas que sacudiam a sociedade norte-americana da época, primeiro como filiada da SNCC de Stokely Carmichael e depois de movimentos e organizações políticas como o Black Power e os Panteras Negras.

Angela lecionou por 17 anos no Departamento de História da Consciência na prestigiada Universidade da Califórnia-Santa Cruz. Recebeu o título de professora emérita da Universidade da Califórnia e se aposentou em 2008. Após sua aposentadoria continuou sua rotina de palestras e cursos em diversas universidades e centros culturais por todo o mundo. Em 2019 passou a integrar o National Women’s Hall of Fame dos Estados Unidos.

Notoriedade e prisão

Em 18 de agosto de 1970, Angela Davis tornou-se a terceira mulher a integrar a Lista dos Dez Fugitivos Mais Procurados do FBI, ao ser acusada de conspiração, sequestro e homicídio, por causa de uma suposta ligação sua com uma tentativa de fuga do tribunal do Palácio de Justiça do Condado de Marin, em São Francisco.

Durante o verão daquele ano, Angela estava envolvida nos esforços dos Panteras Negras para conquistar o apoio da sociedade a três militantes presos, George Jackson, Fleeta Drumgo e John Clutchette, conhecidos como os “Irmãos Soledad”, por terem sido aprisionados na Prisão de Soledad, em Monterey.

No dia 7 de agosto, Jonathan Jackson, o irmão de 17 anos de George, em companhia de dois outros rapazes, interrompeu de armas na mão um julgamento num tribunal na tentativa de ajudar a fuga do réu do caso que estava sendo julgado, o amigo James McClain, acusado de ter esfaqueado um policial. Jonathan e seus amigos se levantaram do meio da assistência na sala do júri e renderam todos no recinto, conduzindo o juiz, o promotor e vários jurados para uma van estacionada do lado de fora. Ao entrar na van, Jackson gritou que queria os “Irmãos Soledad soltos até o meio dia e meia em troca da vida dos reféns”.

No tiroteio que se seguiu com a perseguição policial ao grupo, Jonathan e um amigo foram mortos pela polícia, não sem antes matarem o juiz Harold Haley com um tiro na garganta e o promotor raptado ficou paralítico com um tiro da polícia. As investigações que se seguiram identificaram a arma de Jonathan como registrada em nome de Angela Davis.

Manifestação em Boston pela libertação de Angela Davis, 1970

Com sua prisão decretada pelo estado da Califórnia e o FBI em seu encalço, Angela fugiu do estado e desapareceu por dois meses, sendo alvo de uma das maiores caçadas humanas do país na época, acompanhada dia a dia pela mídia, até ser presa em Nova Iorque em outubro. O julgamento de dezoito meses que se seguiu, colocou uma mulher negra, jovem, culta, assessorada por uma equipe brilhante de advogados, no centro das atenções da imprensa num paralelo que só seria igualado décadas depois pelo julgamento de O. J. Simpson. Nos longos debates na corte, não apenas o caso criminal envolvido veio à tona, mas uma grande discussão sobre a condição negra na sociedade norte-americana foi travada. Manifestações diárias por sua libertação e absolvição ocorriam do lado de fora do tribunal e por todo o país, transmitidos ao vivo pela televisão.

Dezoito meses após o início do julgamento, Angela foi inocentada de todas as acusações e libertada. John Lennon e Yoko Ono lançaram a música Angela em sua homenagem e os Rolling Stones gravaram Sweet Black Angel, cuja letra falava de seus problemas legais e pedia sua libertação.

Celebridade e liberdade

Finalmente livre, Angela foi temporariamente para Cuba, seguindo os passos de seus amigos,os ativistas radicais Huey Newton e Stokely Carmichael. Sua recepção na ilha pelos negros cubanos num comício de massa foi tão entusiástica que ela mal pôde discursar. De acordo com Carlos Moore, um escritor bastante crítico das relações raciais na Cuba comunista, sua visita ao país causou grande impacto entre a população negra num tempo em que expressões de identidade racial eram bem raras em Cuba. Suas credenciais revolucionárias permitiram aos nativos se identificarem de público com seus pensamentos, sem medo de serem taxados de contrarrevolucionários pelo governo cubano.

Em 1975, a militante socialista envolveu-se em novo embate polêmico, quando em discurso contra ela o dissidente russo Aleksandr Solzhenitsyn, em Nova Iorque, acusou-a de hipocrisia por sua simpatia para com a União Soviética, já que omitia as condições dos presos políticos sob regime comunista. Em sua crítica, Solzhenitsyn mencionava carta de presos políticos checos endereçada a Angela, na qual pediam socorro, esperando que sua condição de celebridade comunista contribuísse para livrá-los da perseguição do Estado, e que denunciasse as duras condições de sobrevivência na cadeia. Os missivistas diziam-se vítimas da mesma injustiça que a própria Angela sofrera antes deles, pois também não tinham culpa, mas estavam presos. A resposta de Angela: “Eles merecem o que tiveram, que continuem na prisão!”, repercutiu muito na mídia da época.

Nos últimos anos, continua a proferir discursos e palestras, principalmente em ambientes universitários e se mantém como uma figura proeminente na luta pela abolição da pena de morte na Califórnia. Em 1977-1978 foi-lhe atribuído o Prêmio Lênin da Paz.

Recomendação – Documentário Libertem Angela Davis – Google Play, 3,90

Capa comum : 196 páginas

Dimensões : 27.4 x 20.2 x 1.4 cm

Editora : Agir; 1ª edição (20 agosto 2020)

Fabio Camatari Escrito por:

Dinheiro não traz felicidade... mas compra quadrinhos, que é quase a mesma coisa!