Marvels, de Alex Ross: 25 anos!

Para o bem ou para o mal, os anos 90 marcaram a indústria dos quadrinhos no mundo. Saga do Clone do Aranha, a Morte do Superman, a criação da Image, X-Men bombando na TV e quadrinhos, Vertigo ganhando grande relevância. Em meio a esta enxurrada de material, pudemos vislumbrar dois extremos: a tosqueira produzida por Rob Liefeld e a arte genial de Alex Ross. O ano era 1994 e ali nascida Marvels, talvez o maior clássico da Casa de nosso finado Stan Lee.

Este ano comemoramos o 25º aniversário da obra que apresentou Alex Ross para o mundo e projeto como um dos artistas mais relevantes dos últimos anos: Marvels.

Caso nunca tenha ouvido falar, Marvels é uma minissérie em quatro partes, lançada pela Marvel Comics em 1994. As histórias foram escritas por Kurt Busiek, ilustradas por Alex Ross e editada por Marcus McLaurin. Ambientado do ano de 1939 a 1974, a série viaja por todo o rico universo da Marvel, mostrando a história de diversos super-heróis a partir do ponto de vista de um fotógrafo chamado Phil Sheldon. Alex Ross e Kurt Busiek revelaram que, originalmente, todo o conceito era de apenas fazer uma coleção de histórias clássicas da Marvel, do ponto de vista de pessoas normais. Mas como o projeto cresceu, os dois criadores sentiram que as questões sociais que minavam toda a história eram relevantes demais para serem ignorados.

Com um texto impactante e pinturas hiper-realistas e numa época em que se destacavam anti-heróis rancorosos e sagas bombásticas que não diziam nada, o roteiro inteligente de Busiek resgatou a grandiosidade perdida do gênero, com muita humanidade e sentimentos que pareciam esquecidos.

A sinopse curta de cada edição seria:

1ª volume – A Era das Maravilhas
Estamos em 1939. Antes de ir cobrir o conflito na Europa, o jovem fotógrafo Phil Sheldon presencia, em Nova York, um evento para lá de científico: a criação de um andróide flamejante, o Tocha Humana. Sheldon sente que está acontecendo algo diferente e extraordinário na cidade e desiste de atravessar o Atlântico. E sua intuição prova estar certa: nos meses seguintes a cidade vê aparecer vários super-seres, os “Marvels” ou Maravilhas, como o jornalista os chama: Namor, Capitão América, os Invasores e outros.

2º volume – Monstros entre nós
Décadas após o fim da Segunda Guerra, Phil Sheldon, agora casado e pai de família, presencia em Nova York uma nova geração de “Marvels”: Quarteto Fantástico, Thor, Hulk, Homem-Aranha, Homem de Ferro e até mesmo a volta de Capitão América e Namor. Mas uma nova raça de seres poderosos, os mutantes, provoca dúvidas e medo: serão os X-Men amigos ou inimigos? Sheldon se vê num dilema moral quando uma garotinha mutante pede asilo em sua casa.

3º volume – O Dia do Juízo Final
O mundo parece ter chegado ao fim quando a nave do gigantesco Galactus aterrissa em Nova York. Nem mesmo o poder combinado do Quarteto Fantástico e do Surfista Prateado parece deter o alienígena, que pretende destruir a Terra. Phil Sheldon toma então a decisão de passar seus últimos momentos com sua família.

4º volume – O Dia Em Que Ela Morreu
Sheldon conhece a jovem e singela Gwen Stacy, a quem se torna uma espécie de amigo, tutor e guardião. O velho fotógrafo chega à conclusão que os “Marvels” estão entre nós para proteger inocentes como Gwen. Mas nem mesmo os super-heróis podem mudar o destino que aguarda a doce loirinha.

O pintor Alex Ross, trabalhando com modelos fantasiados, conseguiu dar vida a figuras e situações majestosas, numa verdadeira revolução gráfica. O leitor se sente como andando na rua e cruzando com os Vingadores ou o Quarteto Fantástico.

Se hoje o estilo já se tornou comum, na época do lançamento de Marvels era a chave para desbravar o paraíso.

A obra marcou uma virada nas abordagens sobre super-heróis das duas grandes editoras de quadrinhos dos Estados Unidos, valorizando o elemento nostálgico e icônico dos personagens em detrimento da corrupção moral e dos eventos caça-níquel.


O fato de estarmos acompanhando a narrativa do ponto de vista de Phil Sheldon nos traz novos ângulos de cenas famosas e também a amplitude (e por que não grandiosidade) das ações dos super-seres.

Vamos então falar um pouco da dupla que concebeu essa obra.

Nelson Alexander “Alex” Ross (nascido em 22 de janeiro de 1970) é, de longe, o mais proeminente pintor dos quadrinhos e é conhecido por sua paixão pelos visuais antigos de personagens clássicos e pelo lado místico dos super-heróis. Nos últimos dez anos a maior parte de seu trabalho foi direcionado para as duas grandes editoras do gênero, a Marvel Comics e a DC Comics. Ele também é co-criador da série Astro City, que explora o mito de super-heróis.

Alex Ross ficou mundialmente conhecido justamente com a minissérie. Entre os trabalhos de Ross destacam-se a minissérie de 1996 Reino do amanhã (original em inglês Kingdom Come), que co-escreveu juntamente com Mark Waid, que fala sobre um futuro violento onde os humanos não conseguem mais conviver com os super-humanos. Ross também colaborou com a trilogia Terra X (Marvel Comics) (original em inglês Earth X) que consiste nas seguintes obras: TERRA X, UNIVERSO X e PARAÍSO X, que é uma série limitada produzida em 1999 para a Marvel Comics, escrita por Jim Krueger, com arte de John Paul Leon, e que foi baseada em notas de Ross sobre a ideia de um futuro distópico do Universo Marvel. Ross desde então, tem feito uma variedade de projetos, tanto para Marvel Comics e DC Comics, capas e desenhos de personagens, e vários projetos para Dynamite Entertainment.

Seu trabalho no cinema inclui o conceito e arte narrativa para o Homem-Aranha (filme) e Homem-Aranha 2, A arte para o filme de M. Night Shyamalan, CORPO FECHADO (original em inglês Unbreakable (filme)), com Bruce Willis e Samuel L. Jackson. Ele também fez capas para a revista TV Guide, arte promocional para o Oscar, cartazes e design de capas para jogos de vídeo game, e suas interpretações de super-heróis foram comercializados como figuras de ação (Action figure).

O estilo de Ross tem sido elogiado por suas representações humanas e com efeitos realistas de personagens clássicos dos quadrinhos. Seu estilo de renderização, a sua atenção ao detalhe, e a tendência percebida de seus personagens a ser descrito com o olhar perdido na distância em imagens de capa foi satirizado na revista MAD.

Por causa do tempo que Ross leva para produzir sua arte, ele atua principalmente como ilustrador de capa para as revistas em que trabalha.

Kurt Busiek ( nascido em 16 de setembro de 1960) é conhecido particularmente por seu trabalho na minissérie Marvels, lançada em 1994 pela Marvel Comics. Também é criador das séries Astro City e Arrowsmith.

Kurt Busiek escreveu diversas séries em várias editoras americanas. Após o sucesso de Marvels, seu primeiro trabalho de destaque foi Untold Tales of Spider-Man, acrescentando novos acontecimentos na cronologia do Homem-Aranha. Em parceria com os artistas Brent Anderson e Alex Ross, Kurt Busiek criou a aclamada série Astro City em 1995. Posteriormente, criou o grupo de personagens Thunderbolts. Ainda nos anos 1990, assumiu a revista dos Vingadores. Em 2003, escreveu a minissérie Liga da Justiça/Vingadores, crossover entre a DC Comics e a Marvel Comics. Em 2008, saiu o primeiro número de Marvels: Eye of the Camera, sequência da minissérie de 1994 e com Busiek novamente como escritor. Em 2010, Busiek voltou a trabalhar com Alex Ross para o projeto da Dynamite Entertainment, Kirby: Genesis.

Marvels portanto é uma obra obrigatória para qualquer colecionador e leitura excepcional para quem gosta de um bom quadrinho.

Fabio Camatari Escrito por:

Dinheiro não traz felicidade... mas compra quadrinhos, que é quase a mesma coisa!