Sinopse Oficial: Imaginário Coletivo é uma fábula sobre liberdade e força de vontade. Em quase 500 páginas deslumbrantes de Wesley Rodrigues – todas poderiam muito bem ser emolduradas como obras de arte – o leitor acompanha as aventuras de uma vaca que queria ser pássaro. Ou seria um pássaro que nasceu vaca? Durante essa viagem fantástica, é impossível não se perguntar: será que sou tudo aquilo que eu poderia ser?
Antes de partir para a análise da obra, vamos conceituar o termo imaginário coletivo. Devemos entender que ele pode ser composto por:
a) Símbolos
O termo símbolo é composto por duas partes: o significante (que é algo pertencente à realidade concreta) e o significado (representação abstrata que pode ser determinada por uma religião, uma nação, um fato histórico, etc.).
Há símbolos conhecidos apenas por uma cidade, por um estado, país ou até mundialmente.
b) Conceitos
É uma ideia ou noção, uma concepção de algo feita pela mente e expressa por palavras, alegorias, comparações ou representações simbólicas.
Há conceitos que são universais, ou seja, são tão conhecidos que se tornam inquestionáveis, assimilados por todos. Assim como há conceitos individuais, que são mais abstratos e completamente discutíveis por se tratar de algo subjetivo.
c) Memória
Capacidade de armazenar e de recuperar um dado ou informação, podendo ser individual ou coletiva. No caso do imaginário coletivo obviamente trabalhamos com dados que podem ser rememorados por um determinado grupo de pessoas e que para elas possui significado em comum.
d) Imaginação
Capacidade mental que permite a criação e representação de objetos, da forma como estes podem ser percebidos pela mente através dos sentidos.
Em toda comunidade ou grupo de pessoas existe um imaginário coletivo, ou seja, um conjunto de símbolos, costumes ou lembranças que tem significado específico para ela e comum a todas as pessoas que fazem parte dela.
Por exemplo, nos países ocidentais existe uma religião predominante que é o Cristianismo. Mesmo para pessoas que não são cristãs, os símbolos do cristianismo, a história e os valores são muito conhecidos. A grande maioria das pessoas conhece a história de Jesus, e de alguns outros personagens bíblicos, pois fazem parte do chamado “imaginário coletivo”.
Em contrapartida, nos países orientais, existem outras religiões que possuem lá, mais adeptos, como é o caso do budismo, do islamismo, etc. Nestes países encontramos um imaginário coletivo completamente distinto do anterior, devido às diferenças histórico-culturais.
Este conjunto de “imagens” vai sendo construído ao longo do tempo através da cultura, das artes, da história e dos costumes de um povo.
Podemos citar como parte deste imaginário as lendas e os mitos, que de tão conhecidos acabam influenciando literatura, teatro, dança, etc. Essas representações muitas vezes ultrapassam a realidade e adquirem tanta força que se tornam símbolos de toda uma época da história do povo, independentemente de religião, política ou cultura.
Com a criação dos meios de comunicação, cada vez mais velozes e eficazes, este imaginário coletivo tem se expandido, de modo que as comunidades podem compartilhar seu patrimônio simbólico. Com estas mudanças criou-se um novo termo chamado “aldeia global” que corresponderia à junção de todas as comunidades em uma só, substituindo assim o conceito de “povo”.
O imaginário coletivo, portanto, pode ser assimilado por uma comunidade, por um povo ou por toda a aldeia global. Para entender melhor, consideremos:
Comunidade – composta por um conjunto de pessoas organizadas sob um conjunto de normas, que vivem na mesma sociedade e compartilham da mesma herança cultural e histórica;
Povo – um grupo maior de pessoas pertencentes a um mesmo país ou continente, a uma religião ou etnia;
Aldeia global – um termo recente definido pelo filósofo canadense Marshall McLuhan, que propunha uma junção de todo o planeta em uma mesma “aldeia” devido ao progresso tecnológico tornar cada dia mais fácil o compartilhamento de informações, como já foi dito acima.
E esta chabroca apresentada pela Darkside Graphic Novels?
São quase 500 páginas de histórias em quadrinhos, onde muitas delas poderiam ser destacadas e emolduradas na parede.
Ao ler Imaginário, conseguimos entender o porquê do reconhecimento de Wesley Rodrigues no meio da animação. Recomendo a leitura da obra de duas maneiras: a primeira, absorvendo o texto e degustando cada arte de cada página. A segunda, em velocidade bem rápida, como se foleando sem parar e dando a impressão de assistir um curta animado.
Acompanhamos a fábula da Vaca que queria voar como um pássaro, ou seria o pássaro que teria nascido em corpo de Vaca? Passamos pela vila onde vive e seu dono, onde engajamos numa viagem psicodélica, como se num sonho sem fim.
Apesar muito bela, também não é muito fácil. Exige um pouco de abstração para assim, pode embarcar na história com um viés diferente. O proposto aqui é que se trata de uma fábula sobre liberdade e força de vontade.
Recomendamos a leitura sim, mas esteja preparado. Esta obra pode não falar com você exatamente agora, mas TODOS NÓS, em algum momento, pode se pegar questionando: será que somos tudo aquilo que poderíamos ser?
Imaginário Coletivo
Capa dura: 472 páginas
Editora: DarkSide; Edição: 1ª (9 de agosto de 2018)
Dimensões: 23,4 x 16,2 x 3,8 cm
Peso: 1,2 Kg (sim, um tijolo)
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