Sinopse Oficial: Jornalista recém-formada, Tina finalmente realiza o sonho de trabalhar em uma redação. Ela só não esperava que seu maior desafio fosse ser pessoal, e não profissional. Em Respeito, Fefê Torquato usa a clássica personagem de Mauricio de Sousa para expor um problema que mulheres enfrentam dia a dia, e precisa acabar: o assédio.
Justamente por essa temática tão incisiva, que Tina – Respeito torna-se junto a Jeremias – Pele, uma das obras em quadrinhos mais relevantes dos últimos anos e provavelmente figurará nas listas de melhores do ano de muita gente.
Quando se fala em assédio, muitas vezes a primeira imagem que vem à cabeça de muita gente é a de um desconhecido importunando uma mulher na rua. Mas essa situação e esse “conceito” é somente uma das formas de assédio à qual as mulheres estão submetidas diariamente.
O que é assédio?
Assédio pode ser uma série de comportamentos que incomodam, importunam, humilham ou perseguem uma pessoa ou grupo específico. O assédio pode se manifestar de muitas formas, algumas mais explícitas e outras mais “veladas”.
Veja quais são alguns tipos de assédio:
Assédio Sexual
O assédio sexual é um tipo de violência que se caracteriza por qualquer ação ou comportamento sexual que acontece sem o consentimento da outra pessoa. Esse tipo de assédio engloba uma série de comportamentos, que vão desde o contato físico até um comentário com conotação sexual.
No Brasil, o Decreto-Lei nº 10.224, de 15 de maio de 2001, acrescenta o artigo nº 216-A ao Código Penal Brasileiro, apresenta o seguinte texto: “Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.”
Em teoria, a pena para a quem infringe esta lei e comete assédio sexual é a detenção que pode variar entre 1 e 2 anos.
Assédio Moral
No caso do assédio moral, a violência é contra a dignidade do cidadão que passa por algum tipo de humilhação. A maioria dos casos de assédio moral acontecem no ambiente de trabalho, em situações nas quais o funcionário é exposto constantemente à humilhação por parte de seus patrões ou até mesmo de outros funcionários.
No Brasil, não há uma lei específica que caracterize o assédio moral e nem o assédio moral no trabalho, mas situações que se “encaixam” nesse tipo de assédio são enquadrados como crime de danos morais.
Assédio Verbal
Esse tipo de assédio pode acontecer em diversos contextos e pode envolver tanto pessoas próximas quanto completos desconhecidos. Ele se caracteriza por atos em que ocorrem xingamentos, vaias, ridicularização, insultos, provocações ou ameaças contra uma pessoa.
O assédio verbal é considerado um delito no Brasil, protegido pela lei de injúria. A pessoa que sofre esse tipo de assédio pode ser indenizada por Danos Morais.
Assédio Virtual
Como o nome sugere, o assédio virtual acontece online e é praticado por indivíduos que usam a tecnologia para ofender, hostilizar ou importunar uma pessoa ou um grupo específico. Ameaças, comentários sexuais ou pejorativos, divulgação de dados ou informações pessoais e a propagação de discursos de ódio feitos na internet se enquadram em ações de assédio virtual.
Assédio psicológico
Essa é uma das formas mais veladas de assédio, pois as vítimas de violência psicológica na maioria das vezes demoram a perceber que estão sendo abusadas e assediadas. O assédio psicológico também pode ocorrer de várias maneiras e pode se manifestar por meio de comportamentos ofensivos, persistentes, insultuosos, abusivos, intimidatórios e até mesmo por meio do abuso de poder.
Em todos os tipos de assédio, o mais indicado é que a vítima busque por ajuda e se informe sobre as medidas que podem ser tomadas. Em alguns casos, o correto é tratar desses assédios judicialmente, mas, em outras, o melhor a se fazer é buscar apoio emocional e psicológico.
Dentre as formas que podemos constatar nesta Graphic MSP, a central aborda o Assédio Moral e Sexual no Trabalho.
Relações de trabalho saudáveis são frutos de ambientes em que o respeito e a ética fazem parte do cotidiano do trabalho, concebido como central e organizador da vida das pessoas. Embora tais valores sejam fundamentais, vários fatores no contexto contemporâneo decorrente das mudanças no mundo do trabalho têm contribuído para o aumento da violência no trabalho.
As situações de violência nas relações de trabalho não são novidade. O tipo de violência no ambiente de trabalho é que tem se alterado, acompanhando a configuração das relações econômicas e sociopolíticas. Muitos estudos apontam que tal violência é produto da organização do trabalho e agravada por políticas de gestão do trabalho não participativas, que trazem para o cenário das organizações no marco das relações de poder, formas de gerir o trabalho que se utilizam de pressão psicológica e conduta hierárquica abusiva, caracterizando a violência moral, fenômeno conhecido como Assédio Moral.
Apresenta-se uma forma de gerir e controlar os processos de trabalho que gera consequências negativas para a saúde física e mental do trabalhador, degradando ambiente de trabalho, as relações profissionais e o desempenho organizacional.
Humilhações, constrangimentos, discriminações, agressões à honra e à dignidade estão presentes na organização do trabalho tanto na iniciativa privada como no serviço público. São ações que retiram do trabalhador a sua capacidade de criação e satisfação e, em troca, oferecem dor e sofrimento. Mas, afinal, o que é assédio moral?
Em 2018 a FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz, ligada ao Ministério da Saúde, lançou a cartilha Assédio Moral e Sexual no Trabalho, cujo link está nesta postagem: Cartilha_assedio_moral_e_sexual
O assédio moral e sexual no ambiente de trabalho é mais comum do que se pensa. E essas situações constrangedoras, em sua maioria (84%), são praticadas pelos chefes diretos das vítimas ou por alguém que tenha um cargo mais alto dentro da hierarquia das empresas. As constatações são de uma pesquisa feita pela VAGAS.com que ouviu quase cinco mil pessoas em todo o país.
Dados do assédio no mundo corporativo
Dois dados da pesquisa chamam muita atenção. Um deles é que 52% dos entrevistados relataram ter sofrido algum tipo de assédio. O outro é que 87,5% dos não denunciaram o assédio, o que pode servir de alerta para as companhias olharem mais de perto o problema e estruturarem um canal de comunicação para dar suporte às vítimas.
Como não deve ser surpresa, a maior parte – 39,4% disse que não fez a denúncia por medo de perder o emprego. Outros fatores apontados como inibidores foram receio de represálias, citado por 31,6% dos entrevistados, vergonha (11%), medo que a culpa recaia sobre o denunciante (8,2%) e sentimento de culpa (3,9%). Já entre os que tiveram coragem de relatar o fato, acredite ou não, 74,6% afirmaram que o agressor permaneceu na empresa mesmo após a denúncia.
Assédio moral é mais frequente
Ainda de acordo como levantamento, o assédio moral, caracterizado por piadas, chacotas, agressões verbais ou gritos constantes, lidera a incidência de casos. Entre os entrevistados, 47,3% declararam já ter sofrido este tipo de agressão. As mulheres respondem por 51,9% dos casos.
Já o grupo que declarou ter sofrido assédio sexual, caracterizado por comportamentos abusivos como cantadas, propostas indecorosas ou olhares abusivos, somou 9,7% da amostra. Entre eles, as mulheres são definitivamente as mais afetadas, respondendo por 79,9% da amostra, contra apenas 20,1% de homens.
Consequências para a carreira
E o assédio traz consequências para a carreira. Entre os profissionais que passaram por ele, 39,6% disseram que o episódio impossibilitou ou causou dificuldades no desenvolvimento profissional. Se você passou por isso, uma dica pode ser procurar ajuda especializada para o aconselhamento psicológico pessoal e profissional. Outra recomendação, se você já deixou a empresa em que foi vítima, é tentar não levar o problema abertamente para outra companhia.
Embora isso não seja ainda realidade em todos os lugares, espera-se que as empresas construam uma nova dinâmica para enfrentar a situação.
Tina – Respeito é o tipo de quadrinho para se dar de presente, para QUALQUER pessoa, de qualquer idade, leitora ou não. Homens devem ler edição, tanto quanto mulheres.
Link para compra: https://www.amazon.com.br/Graphic-Msp-Respeito-Fef%C3%AA-Torquato/dp/8542623266
Capa dura: 96 páginas
Editora: Panini;
Edição: 1 (6 de setembro de 2019)
Idioma: Português