Neste episódio de hoje vamos falar de um personagem que poderia ter alterado drasticamente o curso da história da humanidade, não fosse ira, orgulho e uma boa dose de arrogância! Estamos falando de Aníbal, aquele que conhecido por utilizar elefantes em combate!
Aníbal viveu de 274 a 183 a.C. e realmente tem uma fama militar que o precede: herói da vez, estrategista exímio responsável por uma das campanhas militares mais impressionantes da história, a tentativa de conquista de Roma.
Nasceu em Cartago, onde hoje temos a Tunísia, reconhecida na época pelo comércio marítimo, mas expulsos do Mediterrâneo pelos romanos. Aos 10 anos, ao final das primeiras Guerras Púnicas, o jovem Aníbal foi levado por seu pai, Amilcar Barca, para a Espanha, onde hoje existe a cidade de Cartagena.
Lá cresceu e casou-se com uma princesa Ibérica. Passado mais um tempo, tanto seu pai quanto seu tio vieram a falecer, restando a ele o cargo de líder cartaginês na Espanha, assim também assumindo a frente do avanço das conquistas de terras européias. Por outro lado, Roma estava em conflito com outros povos, haja vista sua posição estratégica no Mediterrâneo, mas sabiam que em breve haveria um novo confronto com a família Barca. Eram bem cientes das formas de acesso à Itália: pelo mar (que era de controle romano), por terra (mas com um caminho muito longo a percorrer) e também por terra mas improvável de se realizar, que era via Alpes.
Bom, neste ponto você já deve imaginar então qual caminho Aníbal resolveu seguir. Decidiu atravessar aquela região pouco conhecida com 50 mil soldados, 9 mil cavalos e animais de carga e … 37 elefantes. Sim, isso mesmo o que você ouviu – ele marchou com toda essa gente e 37 elefantes PELOS ALPES!
E aqui falamos um pouco mais dos elefantes. Esses animais causavam uma certa estranheza para um soldado inimigo em terras europeias e o fator surpresa em muito contribuía para sua estratégia militar, afinal eram praticamente tanques de guerra.
Chegar aos montes Pirineus não foi a parte dificil, apesar das várias baixas pelo caminho. Transpor os Alpes, sim, foi o maior desafio.
Imagine que metade das avalanches relatadas no mundo, em daquela região. “Bruxas” eram queimadas vivas por provocarem avalanches apenas sussurrando em determinadas regiões. Imagine então uma tropa numerosa e pesada passando por ali? Dito e feito, muitos animais foram perdidos ali, por hora afundarem na mistura de neve e lama, hora por soterramentos inesperados.
Anibal continuou marchando que o que sobrou de sua tropa, sempre a frente de seus homens. Superada a barreira natural e juntando seus homens a outros povos ali subjugados, conseguiram pegar desprevenidos tropas romanas, ganhando duas batalhas, na planície de Canas.
Neste meio tempo, pediu reforços a seu irmão Asdrúbal, mas como não era tão competente quanto o irmão, demorou a chegar e quando chegou, com tropas muito diminuídas, caiu numa emboscada romana e foi decapitado. Sua cabeça, lançada para Aníbal, como desafio e alerta pelo que esperava.
Cipião Africano, general romano, foi o responsável por contrapor as estratégias de de Anibal. Ele conseguiu identificar a fraqueza de Anibal: seu orgulho. Aníbal queria Roma, tomá-la a força, sobrepujar seus inimigos em sua casa, assim como o foi feito em sua terra.
Durante dez anos Anibal e suas tropas circularam por toda Itália, conquistando localidades e travando outras batalhas. Porém Roma era muito fortificada e resistia a suas investidas. Por que não eliminar a rota de suprimentos e vencê-los pela fome? Não, Anibal queria a vitória pela guerra.
Várias histórias são contadas neste período, como da vez que os romanos enviaram uma tropa durante a noite, de forma furtiva, para assassinar Aníbal em seu acampamento. Alertado da vinda dos romanos muito em cima da hora, não era possível reunir seu exército para a batalha. A solução? amarrar tochas aos chifres do gado disponível e soltá-los em direção ao inimigo. Os romanos ao verem um grande número avançando rapidamente pela noite, bateram em retirada…
Outro ponto de destaque era o uso dos elefantes. Eles serviam para abrir as tropas de infantaria em duas partes, derrubando falanges de escudos e abrindo flancos para sua exímia tropa de cavaleiros e arqueiros, para daí então entrarem em combate seus soldados a pé.
Bastava Anibal cercar Roma e acabar com seu abastecimento. Isso quase ocorreu, não fosse a investida de Cipião na contra mão de Aníbal. Os cartagineses foram obrigados a chamá-lo de volta, agora com um exército esfarrapado, cansado e desmotivado por uma década de cerco improdutivo. Óbvio que perderam a guerra e Roma, dando a volta por cima, expulsa os cartagineses e impõe várias sanções.
Agora, imagine o seguinte: qual não é a influência da cultura romana na nossa sociedade atual? Fosse Anibal menos orgulhoso e arrogante, teria tomado Roma logo e mudado o curso da história mundial como temos hoje! Qual seria a religião predominante? E a língua? A economia? De modo geral, como seria o mundo ocidental hoje?
A tartaruga persistente (Cipião), acabou vencendo a lebre apressada (Anibal). O fato de ainda hoje cultivarmos a memória dos seus feitos grandiosos, mas efêmeros desse grande perdedor, dizem muito sobre os atributos que valorizamos hoje em dia…