Sinopse Oficial: Criada por Jeff Lemire e Dean Ormston, a premiada série Black Hammer conquistou o público e a crítica ao unir elementos de grandes clássicos dos quadrinhos, tramas únicas e personagens complexos. Sucesso inquestionável, agora a intensa jornada se encaminha para o desfecho, quando finalmente vamos descobrir o que aconteceu com os maiores heróis de Spiral City.
Após derrotarem o poderoso e maligno Antideus, eles caíram no esquecimento ao se verem presos em um estranho purgatório: uma fazenda isolada e misteriosa da qual não conseguem sair. Por dez anos viveram como uma família, escondendo sua verdadeira natureza dos habitantes locais. Até que uma visita vinda de seu antigo mundo consegue chegar até eles, trazendo consigo a esperança de voltarem para casa, mas também o prenúncio de uma era de caos e destruição.
Neste quarto e último volume, mais segredos vêm à tona, e quando a verdade sobre o que aconteceu naquela batalha fatídica é revelada, o mundo dos ex-heróis muda completamente outra vez. Com o equilíbrio do universo sob ameaça, eles serão obrigados a decidir se o preço que pagaram para salvar Spiral City valeu a pena.
Infelizmente não podemos comentar mais do que isso, sob o risco de revelar algum spoiler desta edição que traz um final surpreendente, e que de certa maneira, dividiu a crítica de uma forma geral. Aqui na redação do Fanzine e no grupo secreto de amigos no Whatsapp, as opiniões são as mais variadas, porém uma é a verdade: foi um final corajoso por parte do autor.
Um ponto podemos revelar e que vale uma explicação mais detalhada: o que vem a ser a bendita quebra da quarta parede, que tanto se fala no cinema, tv e quadrinhos?
A origem da expressão é incerta, mas presume-se que o conceito tenha surgido na Idade Média com a aplicação do Teatro Saltimbanco, onde os atores atuavam em uma carroça, e assim podiam se deslocar por outros vilarejos, uma espécie de teatro ambulante, e a peça ocorria levantando uma lona lateral, criando uma abertura para visão geral do evento. A aplicação dava-se cada vez que, erguendo esta lona (a quarta parede), o espectador tinha acesso a imagem da peça encenada, geralmente com até, no máximo, quatro personagens atuando ao mesmo tempo.
O ato de derrubar a quarta parede é usado no cinema, no teatro, na televisão e na arte escrita, e tem origem na teoria do teatro épico de Bertolt Brecht, que ele desenvolveu a partir e, curiosamente, para contrastar com a teoria do drama de Constantin Stanislavski. Refere-se a uma personagem dirigindo a sua atenção para a plateia, ou tomando conhecimento de que as personagens e ações não são reais. O efeito causado é que a plateia se lembra de que está vendo ficção e isso pode eliminar a suspensão de descrença. Muitos artistas usaram esse efeito para incitar a plateia a ver a ficção sob outro ângulo e assisti-la de forma menos passiva. Brecht estava ciente de que derrubar a quarta parede iria encorajar a plateia a assistir a peça de forma mais crítica – o chamado Efeito de Alienação.
Derrubar a quarta parede de forma súbita é um recurso bastante usado para um efeito humorístico nonsense, já que tal efeito é inesperado em ficções narrativas e afins. Alguns acreditam que derrubar a quarta parede cause um distanciamento da suspensão de descrença a ponto de contrastar com o humor de uma história. No entanto, quando usada de forma consistente ao longo da história, é geralmente incorporada ao estado passivo da plateia.
Essa exploração da familiaridade de uma plateia com as convenções da ficção é um elemento-chave em muitos trabalhos definidos como pós-modernistas, que desconstroem as regras preestabelecidas da ficção. A ficção que derruba ou diretamente se refere à quarta parede muitas vezes também usa outros recursos pós-modernistas, como a metalinguagem (Teatro Contemporâneo).
O recurso é muito usado no teatro improvisado, onde a plateia é convidada a interagir com os atores em certos pontos, como para escolher a resolução de um mistério. Nesse caso, os espectadores são tratados como testemunhas da ação em andamento, tornando-se “atores” e atravessando a quarta parede.
A quarta parede também é usada como parte da narrativa, quando a personagem descobre que faz parte de uma ficção e ‘derruba a quarta parede’ para estabelecer um contato com a audiência. Isso ocorre em filmes como O Último Grande Herói e A Rosa Púrpura do Cairo, onde personagens saem dos filmes que habitam e espectadores adentram a película; O Show de Truman, onde o personagem-título percebe que sua vida é uma espécie de reality show filmado em um gigantesco estúdio; e o livro O Mundo de Sofia, onde os personagens de um livro sendo escrito percebem seu caráter ficcional e tentam descobrir como conseguir sua liberdade. Nesse caso, a ‘quarta parede’ que a personagem derruba permanece como parte da narrativa em si, e a parede entre a plateia real e a ficção permanece intacta. Há casos também em que a criatura encontra o criador, como no período em que Grant Morrison escrevia as histórias em quadrinhos do Homem Animal. Histórias como essas não derrubam efetivamente a quarta parede – apenas se referem a esse recurso.
Alguns personagens são notórios por quebrar a quarta parede, como Deadpool da Marvel Comics, Goku no fim de cada episódio de Dragon Ball Z (Majin Boo e Gohan também fizeram), Pinkie Pie de My Little Pony: A Amizade é Mágica, Frank Underwood, de House of Cards e a série de games Metal Gear: Solid (Onde alguns personagens olhavam para a tela e interagiam com o jogador) e Fleabag, personagem principal da série homônima.
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Capa comum: 192 páginas
Editora: Intrínseca;
Edição: 1 (6 de abril de 2020)
Podcast sobre as edições anteriores, clique AQUI!
Sobre os autores
Jeff Lemire é um autor e ilustrador canadense. Entre suas principais obras estão O soldador subaquático e a trilogia Condado de Essex. Foi eleito duas vezes melhor quadrinista do Canadá pelo Schuster Award e venceu o Eisner Awards pela série Black Hammer. Além de suas graphic novels independentes, passou por grandes editoras norte-americanas, como Marvel e DC, onde atuou em séries como Arqueiro Verde, Constantine, Cavaleiro da Lua, entre outras.
Dean Ormston é um ilustrador britânico. Seus trabalhos mais notáveis são a série 2000 AD e os títulos do selo Vertigo, da DC. Foi agraciado com o Eisner Awards pela série Black Hammer.
Rich Tommaso é um autor, ilustrador e colorista americano. Possui obras publicadas por editoras como Dark Horse e Image Comics, além de diversos títulos independentes. Em 2008, ganhou com James Sturm o Eisner Awards por Satchel Paige: Striking Out Jim Crow.
Dave Stewart é um colorista americano considerado lendário no mundo dos quadrinhos, tendo ganhado o Eisner Awards diversas vezes. Já trabalhou com a DC, a Marvel e a Dark Horse, em títulos como Hellboy, Star Wars, Capitão América e Superman.
Todd Klein é um dos letristas mais renomados do mundo dos quadrinhos. Vencedor do prestigiado Eisner Awards por diversos anos, trabalhou em séries de destaque da DC, como Lanterna Verde e Orquídea Negra, e foi um dos poucos profissionais a participar integralmente da produção de Sandman, de Neil Gaiman.