Sendero Luminoso – Luis Rossel, Alfredo Villar, Jesús Cossío

Sinopse Oficial: Durante uma década, de 1980 a 1990, o Peru foi devastado por uma guerra suja entre o grupo “Sendero Luminoso” e o governo do país. Nessa guerra, as maiores vítimas foram os camponeses, pegos no fogo cruzado entre militares e guerrilheiros. Cerca de 70 mil pessoas foram mortas e outras tantas foram presas e torturadas. Muitas desapareceram. Esta história em quadrinhos é um testemunho chocante desse período de violência que marcou um país.

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Antes de partirmos para obra em si, vamos a uma pequena localização histórica. Sendero Luminoso (que do espanhol traduzimos como “caminho iluminado”) é uma organização de inspiração maoísta fundada na década de 1960 por alunos e professores de universidades do Peru, principalmente da província de Ayacucho. Vários países, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia, o consideram como organização terrorista. Abimael Guzmán (professor de Filosofia da Universidade Nacional de San Cristóbal de Huamanga) é considerado seu fundador e adotou o codinome Presidente Gonzalo. A guerrilha foi quase considerada extinta no final da década de 1990, mas reapareceu na primeira década do século XXI.

O Sendero Luminoso é considerado o maior movimento terrorista do Peru, e está entre os dois maiores grupos de ação da América do Sul, ao lado das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). O seu nome oficial é Partido Comunista do Peru – Sendero Luminoso (PCP-SL). Estima-se que teve cerca de quinze mil guerrilheiros e um grande número de membros em outras funções. De acordo com o comissão governamental CVR, o grupo foi responsável pela morte de aproximadamente 30.000 pessoas, entre militares, policiais, políticos e civis (46 % das vítimas do conflito, e 54 % para as forças governamentais).

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Porém aqui estamos falando de uma GUERRA SUJA, termo conhecido internacionalmente pelo modo habitual do regime de violência indiscriminada, perseguição, repressão ilegal, tortura sistemática, desaparecimento forçado de pessoas, manipulação da informação e terrorismo de Estado, que caracterizou sua ditadura militar… A denominação refere-se ao caráter informal de confronto entre os militares – desligados da autoridade civil – contra os civis e organizações guerrilheiras (como o Sendero Luminoso), que em qualquer momento foi considerado uma explícita guerra civil. O uso sistemático da violência e sua extensão contra alvos civis no âmbito da tomada de poder político e burocrático por parte das forças armadas, determinou a imediata suspensão dos direitos constitucionais e conduziu à aplicação de táticas de guerra irregular e procedimentos a toda população.

Portanto, a disputa de poder entre Sendero o Governo Peruano não teve ganhador… somente perdedores. E neste ponto chegamos ao retrato cru e marcante que a obra Luis Rossel, Alfredo Villar e Jesús Cossío nos põe diante: uma guerra civil movida a intolerância e extremismo. Apesar de estarmos tratando de um período distinto da história recente peruana, podemos ver facilmente ilustrada na TV e internet atrocidades da mesma soma, como por exemplo o recém ocorrido com a Síria.

Mais que uma indicação, é uma obra necessária nos tempos de hoje, onde se reina o sofá-tivismo pelas redes sociais e as pessoas pouco leem ou buscam interpretar outros pontos de vista. A fome de riqueza e poder alimenta a intolerância, que por sua vez vira combustível para repressão daqueles que são doutrinados a não pensar, ou pior, ser extremo-partidários.

Com 208 páginas, arte muito característica dos quadrinhos peruanos, essa obra foi trazida pela Editora Veneta e custa em torno de R$45,00.

Fabio Camatari Escrito por:

Dinheiro não traz felicidade... mas compra quadrinhos, que é quase a mesma coisa!