Especial – Conan, o Bárbaro

Ao completar nosso primeiro ano de vida de podcast (por que na internet já estamos desde 2007…) reunimos parte dos fundadores do Fanzine Acesso, da era hiboriana do papel, para celebrar o retorno triunfal às bancas do cimério que mais brucutu de todos os tempos: Conan, o Bárbaro!

Criado pelo escritor texano Robert Erwin Howard em 1932, fez sua primeira aparição na revista pulp “Weird Tales”, no conto chamado “The phoenix on the sword”.

Howard escreveu mais 19 histórias e um romance protagonizados pelo personagem – três dos contos só publicados após sua morte. Outros escritores de renome também criaram histórias de Conan ou reescreveram contos – a partir de sinopses e fragmentos originais – após 1936, ano em que Howard se suicidou. Dentre esses recuperadores e continuadores da obra de Howard se destacam L. Sprague de Camp e Lin Carter.

As histórias de Howard sobre Conan ajudaram a definir o formato da fantasia heróica como subgênero da fantasia: A ênfase em um herói que é um poderoso guerreiro, hábil espadachim, de disposição violenta e contrária às hipocrisias e fraquezas da civilização, e que sempre se defrontava com ameaças sobrenaturais sobre as quais sempre prevalecia, fossem elas magos, demônios ou outras criaturas de eras perdidas no tempo.

Para ambientar as histórias de Conan, Howard criou a era Hiboriana, que se situa num período entre a submersão da Atlântida e o início da civilização atual (Pré-História).

Embora não tenha escrito a história onde ele se torna rei, Howard já mostrava Conan como soberano em sua primeira história.

Nascido em um campo de batalhas e filho de um ferreiro, aos quinze ou dezesseis anos, Conan deixou voluntariamente sua tribo e começou a vagar pelo mundo, tendo lutado ao lado dos loiros aesires sendo, posteriormente, escravizado pelos hiperbóreos. Escapando, atuou como saqueador, mercenário e pirata, sendo esta fase uma de suas mais marcantes devido a seu grande amor, a morena Bêlit, mais conhecida como a Rainha da costa Negra, que veio a falecer nas mãos do último sobrevivente de uma raça milenar. Durante sua vida enfrentou guerreiros, feiticeiros, monstros, vampiros, demônios, lobisomens e até mesmo criaturas dimensionais. Após inúmeras aventuras, aos quarenta anos, Conan conseguiu se tornar rei da Aquilônia, que, junto com a culta Nemédia, constituíam as mais altivas e poderosas nações hiborianas. Isto se deu após uma sangrenta guerra civil, quando o cimério estrangulou o traiçoeiro regente anterior, Numedides, e usurpou o trono. Após algumas tentativas deposição, ele teria se casado com a cortesã Zenóbia e tido filhos com a mesma. Depois de cerca de trinta anos no poder, com cerca de sessenta e oito anos, Conan teria deixado o reino para seu filho mais velho, Conn, e partido para o enigmático Oeste, onde, após uma contenda nas misteriosas Ilhas de Antillia, remanescentes da desaparecida Atlântida, teria rumado com velhos companheiros de seus tempos de pirata ao obscuro continente de Mayapan, sendo que até aqui constam suas crônicas.

No começo da década de 70, a editora Marvel Comics começou a publicar com imenso sucesso as histórias em quadrinhos de Conan. Conan já tinha aparecido brevemente num gibi mexicano, mas foi nos quadrinhos americanos que ele se tornou o que é hoje em dia. Os quadrinhos de Conan foram editados pela Marvel até 2004, quando a editora desistiu dos direitos do personagem, que foram adquiridos pela Dark Horse Comics, que reformulou o personagem aproximando-o mais da versão de Howard.

Conan também fez muito sucesso em Holywood. Em 1982 foi lançado o longa “Conan, o Bárbaro”, que foi seguido por “Conan, o Destruidor”, em 1984. Ambos foram estrelados por Arnold Schwarzenegger.

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Agora, você sabia que Conan deveria ser personagem de desenho animado e principalmente um boneco articulado? Pois sabia que serviu de inspiração para He-Man! E para isso meu amigo Willian Correa preparou um texto bacana para vocês!

Essa relação entre Conan e He-Man não é novidade, afinal ambos são bárbaros musculosos vivendo aventuras em um mundo onde monstros, magia e feiticeiros são comuns. E essa relação se estreita ainda mais quando, por muito tempo, nos primórdios da popularização da internet, uma estória foi ganhando força e ganhou status de “lenda urbana”: de que os bonecos da linha Masters of the Universe na verdade seriam bonecos do filme “Conan, o Bárbaro” que, por ter sido considerado violento demais para o público infantil, a fabricante de brinquedos Mattel, de última hora desistiu de lançá-los e, às pressas, modificou as figuras para os personagens que hoje conhecemos.

Esse mito ganhou ainda mais força porque a Mattel, de fato, obteve os direitos do cimério de bronze junto à Conan Properties International, porém nunca chegou a lançar produtos relacionados a ele; e ainda porque, após o lançamento do He-Man, chegou a ser processada por plágio, pela enorme similaridade entre ambos os bárbaros. O que pouca gente conta, no entanto, é que a Mattel ganhou a causa contra a Conan Properties International, especialmente porque conseguiu provar que desenvolveu a franquia Masters of the Universe ANTES de ter adquirido os direitos do Conan.

O fato é que, no final dos anos 70, a Mattel, com exceção de Hot Wheels, não tinha uma forte linha de brinquedos voltada aos meninos. E a coisa piorava ainda mais porque ela tinha recusado os direitos de licenciamento de Star Wars, que lhe tinham sido oferecidos antes, e com sua desistência, quem se arriscou e se deu muito bem foi a Kenner, uma pequena fabricante de brinquedos, quando comparada à Mattel e Hasbro.

A Kenner estava dando uma surra nas demais quando o assunto era brinquedos de meninos, e a Mattel precisava se mexer para ocupar um lugar ao sol nesse mercado. Sendo assim, depois de muita pesquisa e esforço, observando o que os meninos gostavam de brincar, chegaram a alguns temas, como policial, espacial, militar e espada e feitiçaria.

E em uma decisiva reunião, com uma apresentação de três protótipos criados por Roger Sweet para um personagem que seria batizado de “He-Man”, o tema espada e feitiçaria venceu, com um bárbaro de expressão raivosa sendo o escolhido. Nascia ali uma lenda do mundo dos brinquedos.

Com aquela ideia em mãos, a tarefa de criar os primeiros personagens e seus respectivos designs foi passada ao artista Mark Taylor, pois seu estilo fazia muita alusão à arte de Frank Frazetta, cujas gravuras de Conan serviam de inspiração para a equipe que trabalharia a partir de então com He-Man. Dessa primeira iniciativa outros personagens marcantes nasceram, como Mentor, Teela, Aquático,Homem-Fera, e, é claro, Esqueleto!

 A inspiração e a relação com Conan não terminaria por ali, pois muitos artistas que já tinham trabalhado com o cimério seriam contratados pela Mattel, fosse para a criação de artes promocionais ou para embalagens, como é o caso de Earl Norem, ou então para a confecção das primeiras minicomics, pequenas HQs que acompanhavam os personagens, cujo desenhista inicial fora o grande Alfredo Alcala.

Nestas minicomics iniciais, aliás, He-Man era muito mais bárbaro do que ficaria estabelecido mais tarde: não havia identidade secreta, nem Príncipe Adam, nem Rei Randor ou sequer um reino. Etérnia era um planeta selvagem, lembrando muito a Era Hiboriana, e as armas que seu mais novo herói utilizava eram um machado de batalha e um escudo. A Espada do Poder era dividida em duas, e só quem possuísse ambas as metades poderia usá-la como chave para abrir o Castelo de Grayskull, fonte de conhecimento inimaginável e de poder místico do planeta. Então, nada de “pelos poderes de Grayskull” nessa época.

Mais tarde viria o desenho animado desenvolvido pela Filmation, o que fez o personagem e seu universo explodirem em popularidade, gerando todo tipo de licenciamento para a Mattel. Pela primeira vez, eram as outras mídias que licenciavam uma marca de uma fabricante de brinquedos, e não o contrário.

E o resto é história: He-Man e os Mestres do Universo entraram para o imaginário popular e cravaram sua marca na cultura pop. Mesmo tendo sido fortemente inspirado em Conan e todo o universo criado por Robert E. Howard, bem como pela arte de Frank Frazetta, He-Man foi capaz de caminhar por suas próprias pernas, criando uma legião de fãs (na qual me incluo) e resistindo ao teste do tempo: um novo longa-metragem e uma nova série animada estão vindo aí, o que não poderia nos deixar mais animados!

Voltando aos quadrinhos, você pode encontrar Conan de três maneiras nas bancas e livrarias hoje em dia:

Coleção Salva-Panini de capa duras com as histórias clássicas para os fãs matarem a saudade e montarem uma coleção com lombada na sua estante!

E também com Conan o Barbaro e A Espada Selvagem de Conan, pela Panini, em edições bimestrais e intercaladas entre si!

Fabio Camatari Escrito por:

Dinheiro não traz felicidade... mas compra quadrinhos, que é quase a mesma coisa!