Campos de Batalha – Volume 1 – Garth Ennis


Verão, 1942. Enquanto o exército alemão esmaga sua oposição avançando bem fundo na Rússia Soviética e os defensores da Pátria-Mãe batem desbaratados em retirada, um novo esquadrão bombardeiro chega na base aérea. Sua tripulação pilota frágeis biplanos de madeira em letais missões noturnas sobre as linhas alemãs, arriscando a morte em chamas enquanto se jogam contra os invasores — mas para essas pessoas as consequências da captura seriam ainda piores. Pois o 559º. Regimento de Bombardeiros Noturnos é composto de mulheres. Nos céus mortais da frente de batalha do Leste, elas se tornaram uma lenda, conhecidas, tanto por aliados quanto inimigos, como as Bruxas da Noite. 1942: No esplendor tropical do mar do Mar da China meridional, enquanto a Segunda Guerra Mundial se espalha pelo Extremo Oriente, uma jovem se encontra no paraíso… e em seguida no inferno. A enfermeira Carrie Sutton é surpreendida pela invasão japonesa de Cingapura, sofrendo horrores além de seus piores pesadelos — e sobrevive. Agora ela tenta começar sua vida de novo, apoiada por uma amizade com um piloto ferido — só para o destino colocar em suas mãos a última coisa que ela esperava. Carrie finalmente tem uma chance de vingança… mas deve aproveitá-la? No meio de um mundo despedaço pela guerra, você pode lutar e ganhar — e mesmo assim não conquistar as coisas que realmente quer. Querido Billy, uma história de romance em tragédia em meio ao terrível conflito dos aliados ocidentais e os japoneses. A Mythos Books apresenta as duas primeiras histórias da aclamada série Campos de Batalha, de Garth Ennis, numa edição de luxo, com materiais de bônus como esboços e capas alternativas. Este volume de 164 páginas contém as edições Battlefields: Night Witches 1-3 e Battlefields: Dear Billy 1-3.

As mulheres na Segunda Guerra
De nação para nação as funções desempenhadas pelas mulheres variavam grandemente. A URSS, mais do que qualquer outro Estado, engrossou as fileiras de suas forças armadas com mais de 800 mil mulheres em seu tremendo esforço de guerra para deter o avanço nazista.

A União Soviética também se destacou por não restringir o espaço das mulheres às enfermarias e aos serviços burocráticos e industriais, chegando a criar unidades integralmente formadas por mulheres e empregando mais de 300 mil diretamente no campo de batalha.

Eram mecânicas, médicas, instrutoras, pilotas de tanques, etc.. Na função de atiradoras de elite obtiveram merecido destaque.


O Regimento aéreo Feminino
Durante a guerra ficou evidente a necessidade ampliar a força aérea soviética para impor alguma defesa contra a poderosa e soberana Luftwaffe (a Força Aérea Alemã), tendo as mulheres também sido incumbidas nessa função.

Grande parte da concepção do regimento aéreo feminino partiu dos esforços da Coronel Marina Raskova, uma aviadora russa com status de celebridade por seus trabalhos em aerodinâmica e na Zhukovsky Air Academy (Academia Aeronáutica Zhukovsky).

Raskova usou sua influência para persuadir Joseph Stalin, que concordou em criar três regimentos femininos na aviação soviética, emitindo a ordem de criação em 8 de outubro de 1941 e operando efetivamente a partir de 1942.

Cada regimento aéreo possuía cerca de 400 mulheres, todas marcadas pela coragem e voluntariedade de servir às Forças Armadas e tendo a maioria vinte e poucos anos de idade.

O corpo militar era completamente formado por mulheres, seja pilotando, consertando, administrando ou comandando, etc.

Devido à pressão exercida pelo exército alemão, o tempo de treinamento de aviadores e aviadoras foi reduzido de 4 anos para poucos meses.

Marina Raskova, como tantas outras aviadoras, não sobreviveu à guerra, morrendo em 4 de janeiro de 1943 em um acidente aéreo às margens do rio Volga. Talvez o acidente tivesse sido evitado se o 588º regimento dispusesse de aviões mais modernos.

AS BRUXAS DA NOITE
As aviadoras que ficariam conhecidas como The Night Witches (Bruxas da Noite ou Bruxas Noturnas) constituíam o 588º Regimento de Bombardeio Aéreo Noturno da URSS. Regimento que ficou consagrado pela valentia e empenho das aviadoras que se lançavam sem paraquedas em aviões obsoletos durante as frias noites da guerra.

Teriam cumprido entre os anos de 1942 e 1945 mais de 23 mil missões de ataque com dedicação e despejado toneladas de bombas sobre as posições alemãs. Tal número referente às toneladas de bombas, de acordo com as referências levantadas, varia absurdamente e por isso não nos arriscamos a pôr algum, mesmo que fosse uma ideia aproximada.


A origem do apelido
O apelido do 588º teria sido dado pelos alemães em decorrência da tática utilizada pelo esquadrão feminino: as aviadoras desligavam os motores dos aviões quando próximas de seus alvos, o que fazia com que os soldados germânicos não detectassem sua presença até ser tarde demais.

O forte zumbido do vento passando pelas asas dos aviões criavam sons sombrios, fantasmagóricos, fazendo os alemães recordarem das assustadoras histórias de bruxas da infância.

Essa lembrança mais os fatos de atacarem à noite e atormentarem com bombas teria originado o apelido, que, ainda que pejorativo, acabou por ser tomado como elogio pelas guerreiras.

O objetivo do 588º Regimento: atormentar
A função do 588º regimento era o de espalhar o pânico nas tropas alemãs, bombardeando suas linhas de defesa avançadas dentro da URSS, causando pânico e impossibilitando o descanso das tropas com bombas de assédio.

O bombardeio de assédio é uma tática psicológica, na qual, de modo imprevisto mas constante, fustiga-se o inimigo com bombas de baixa potência, imprimindo às tropas assediadas elevado estresse, abaixando o moral e minando sua aptidão para a luta.

Os obsoletos Polikarpov’s Po-2
Para realizar suas funções, as aviadoras receberam os obsoletos Polikarpov’s Po-2, aviões criados em meados da década de 1920 e geralmente utilizados para o ensino de navegação aérea ou utilidade agrícola. A velocidade máxima do aparelho aéreo, mesmo embalado, não ultrapassaria os 150 km/h.

A escolha do aparelho aéreo Po-2 para o 588º Regimento de Bombardeio Aéreo Noturno, ainda que possa parecer inoportuna, ou mesmo proposital (geralmente as mulheres não eram bem recepcionadas nas forças armadas), parece fazer sentido.

Os outros dois regimentos femininos receberam aviões bem diferentes e mais novos por atacarem durante o dia.

Geralmente, fosse na terra, no mar ou no céu, as operações militares aconteciam durante o dia pela dificuldade de coordenação à noite. Com isso, os defasados Polikarpov’s Po-2, por operarem noturnamente, poderiam fazê-lo com a relativa segurança que não disporiam durante o dia.

Inflamáveis e baixa capacidade de carga
Os Polikarpov’s Po-2 eram construídos praticamente com madeira, lona e algum tecido, ficando incrivelmente suscetíveis a incêndios devido à sua composição altamente inflamável, onde apenas o motor era constituído de aço.

Muitas vezes bastavam apenas alguns tiros para que os aviões se tornassem verdadeiros cometas desgovernáveis antes de se chocar contra o solo.

Além de lentíssimos, possuíam pouca capacidade de carga (aproximadamente 300 quilos), obrigando as navegadoras aéreas ao cumprimento de várias missões numa mesma noite, muitas vezes se chegando a quase 20 incursões.

O inesperado lado positivo
Em meio às desvantagens de se pilotar aeronaves tão antigas surgiram algumas vantagens inesperadas.

Uma de grande importância residia no fato de que os modernos caças da Luftwaffe possuíam a velocidade mínima bem superior à máxima dos Po-2, o que fazia com que os pilotos alemães, embora experientes, arriscassem a vida em manobras reprováveis por qualquer comando aéreo, sendo praticamente inúteis contra as Bruxas da Noite.

Outra vantagem dos Polikarpov’s Po-2 era a fácil tarefa de se encontrar alvos terrestres para atacá-los com maior precisão. Esse fato se devia justamente à baixa velocidade e excelente manobrabilidade.

Ainda, as aviadoras realizavam voos em baixíssima altitude, deixando os alemães ainda mais perdidos sem saber onde se esconder.

Equipamentos precários, inadequados ou inexistentes
As aviadoras, assim como praticamente todas as mulheres empregadas no exército soviético, sofriam com a falta de interesse de sua própria corporação em disponibilizar coisas simples e adaptadas às necessidades femininas.

Os próprios uniformes utilizados pelas mulheres eram masculinos e não havia uma preocupação de protegê-las contra o frio extremo em seus voos noturnos, visto que as cabines dos Po-2 eram abertas.

Devido à baixa capacidade de carga do modelo de avião também não levavam em suas missões equipamentos de segurança e navegação, como paraquedas, armas ou rádios. No máximo, antiquadas bússolas e cartas (mapas) de navegação aérea.

O “AGRADECIMENTO” DA RÚSSIA PÓS-GUERRA
Mesmo com tamanha dedicação ofertada em prol da sobrevivência do estado soviético, o intransigente conservadorismo e preconceito, sobretudo de gênero, permeava a sociedade soviética e prevaleceu, encerrando prematuramente a carreira das aviadoras.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, as Bruxas da Noite, igualmente como tantas outras mulheres, foram sumariamente desligadas das forças armadas, entrando a maioria no esquecimento e até desprezo.

As aviadoras também tiveram dificuldade em publicar suas memórias de guerra devido à forte censura do estado liderado por Stalin, que retirava qualquer passagem tida como inapropriada à URSS.

Páginas 168
Editora MYTHOS EDITORA
Assunto HISTÓRIA

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Fabio Camatari Escrito por:

Dinheiro não traz felicidade... mas compra quadrinhos, que é quase a mesma coisa!