A Grande Odalisca – Vivès /Ruppert e Mulot

Sinopse Oficial: Alex e Carole são duas assaltantes sedutoras e desencanadas que voam alto em seus golpes, capazes de furtar qualquer coisa em qualquer museu. Mas, diante da dificuldade de sua próxima missão, que as levará até o Louvre para surrupiar A Grande Odalisca, a obra-prima de Jean-Auguste Dominique Ingres, elas saem em busca de um terceiro colega. Será que Sam, com sua perícia em pilotar motocicletas, está à altura do cargo? O trio que acabou de nascer entra em ação para virar lenda… ou serem presas tentando!

Uma HQ feita a seis mãos que alternam entre roteiro e arte, que juntas entregam uma aventura inteligente, moderna e inspirada. O primeiro par pertence a Bastien Vivès, um dos autores franceses mais comentados da atualidade, inclusive no Brasil, lembrado principalmente pelas obras O Gosto do Cloro e Uma Irmã, e também pela premiada Polina, que virou filme e foi eleito Melhor Álbum de 2011 pela ACBD (Association des Critiques et Journalistes de Bande Dessinée). As outras quatro mãos são dos artistas Florent Ruppert e Jérome Mulot, dupla que vem se destacando na França por seus quadrinhos experimentalistas, donos de um traço orgânico que valoriza bastante a linguagem corporal dos seus personagens.

Com muita audácia, liberdade, criatividade e uma pitada de desprendimento, estas Panteras às avessas negociam armas, traçam esquemas, viajam até o México para salvar um fornecedor, desbaratam um cartel de drogas no caminho, assistem a um desfile de moda, tiram merecidas férias e ainda arrumam tempo para voltar à França e executar o furto do século, que as transformará em lendas… ou as mandará direto para trás das grades!

E a tão falada obra de arte que dá nome a esta graphic novel? Existe? Onde está?

A Grande Odalisca (1814), de Jean-Auguste Dominique Ingres, é o vínculo do artista e do século XIX ao orientalismo, e toda a aura erótica criada em torno da figura da odalisca que habita os haréns pulsa no quadro de Ingres. Entre os poucos elementos dispostos no cenário, todos convergem para a figura da odalisca e a composição de seu corpo. Ela é esta imagem forte que ocupa o quadro por completo, e busca sair dele pela sua dimensão proposta ao seduzir pela forma.

Enquanto artista, Ingres é esse centro de contradições, o qual ansiava pela perfeição da linha, exaltava o neoclassicismo, via-se às voltas do primitivismo e arcaísmo, ao mesmo tempo em que criava figuras as quais espantavam o público pela sua irrealidade. Mas a singularidade da odalisca se impõe ao carregar em cada pedaço de pele todo o ideário que o pintor declamava e seguia. A Grande Odalisca é, por fim, este choque e espanto do impossível que a arte pode criar.

Portanto, uma grande obra (em quadrinhos) retratando uma obra de arte!

Com os volumes A Grande Odalisca e A Grande Odalisca 2: Olympia, a editora Pipoca & Nanquim traz as duas primeiras histórias do trio de ladras mais ovacionado dos quadrinhos, em grande formato, capa dura com impressão soft touch, miolo inteiramente colorido em papel couché de alta gramatura e biografias dos autores.

Se não bastasse o invejável desfile de cenas de ação de Hollywood, as explosões ainda encheriam Michael Bay de orgulho. Pela sua proposta, pela narrativa e pelo excelente trabalho de cor (sempre ponto forte dos franceses), essa é uma das melhores HQs que saíram no ano passado , ou seja, 2019, mas que irá entrar em nossa lista de melhores de 2020, pois esperamos o lançamento do segundo volume para receber as duas juntas!